As mulheres e os homens dessa "época" têm um novo jeito de crer e, consequentemente, um novo jeito de lidar com a religião.
Registramos, aqui, duas tentativas de representar o universo religioso atual. Uma, que distingue, no grande mar de religião, dois grupos de navegantes: o mundo dos fiéis e o mundo dos "piratas". Outra, que, interpreta a globalidade da religiosidade contemporânea a partir da categoria de "movimento", visualiza três grupos: os "tradicionais", os "convertidos" e os "peregrinos".
São esquemas simples (apesar de bem fundados teórica e empiricamente) que, porém, ajudam a ler a complexa realidade religiosa atual. Mas nada mais que isso. A s teorias são apenas um ponto de partida, uma explicação possível de algum fenômeno. Portanto, nada de absolutizá-las ou dogmatizá-las.
Modelo "A"
Para o fiel, a vida religiosa tem regras fixas e práticas estáveis, normatizadas pela instituição e obrigatórias para todos. Para o "pirata", na religião tudo é fluido e instável, sempre de novo entregue ao sabor do indivíduo, das circunstâncias e dos interesses pessoais.
Cuidado, porém,, com as palavras! Aqui, nenhuma é tomada em sentido próprio, mas metafórico. Além disso, não estamos fazendo um julgamento, apenas uma descrição estilizada.
Modelo "B"
A socióloga Danièle Hervieu-Leger, por sua vez, pressupondo a existência de uma "religiosidade sedentária" (damos o nome e "tradicionais" aos seus representantes), propõe as figuras do "convertido" e do "peregrino" para caracterizaar a mobilidade dentro da religião contemporânea, portanto, no interior do Cristianismo também. A categoria "movimento" seria a mais adequada para compreender e religiosidade contemporânea.
O "tradicional" herda a religião de nascimento e certidão de batismo são dois documentos absolutamente distintos. Não nasce religiosamente definido. Define sua identidade religiosa a partir da sua trajetória biográfica. Analisa a proposta religiosa, escolhe livremente, adere pessoalmente, internaliza seus conteúdos doutrinários, morais, disciplinares.
A identificação religiosa do "peregrino" está ligada à inquietação, à busca, à caminhada. E quando encontra o que busca, procura ainda mais, em um movimento incessante.
Fonte: Livro ABC da iniciação Cristã - Antonio José de Almeida - Paulinas
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