sexta-feira, 30 de maio de 2014

Não é nada fácil vencer, dobrar a própria vontade!

* Do livro: A poderosa unção do Espírito Santo, de Raniero Cantalamessa

A santidade, como a escultura, se obtém "pela arte de tirar", isto é, eliminando as partes inúteis. Conta-se que um dia Michelangelo, passeando em um pátio de Florença, viu um bloco de mármore bruto coberto de pó e barro. Parou de repente a olhá-lo, depois, como se iluminado por um súbito relâmpago, disse aos presentes: "Nesta massa de pedra está escondido um  anjo: quero tirá-lo fora"" E se colocou a trabalhar com um cinzel para dar forma ao anjo que tinha entrevisto.

Assim somos também nós. Somos ainda pedras brutas, cobertas de muita terra e de muitos pedaços inúteis. Deus Pai nos olha e diz: "Neste pedaço de pedra está escondida a imagem do meu Filho; quero tirá-lo fora, para que brilhe eternamente a meu lado no céu!" Se de agora em diante sentimos golpes de cinzel  e vemos pedaços de nós caírem ao chão, tentemos não nos enganar mais. Não continuemos a dizer: "Que fiz de mal? Por que Deus me castiga assim?" Esforcemos-nos, antes, por dizer a nós mesmos: '´É Deus que me ama e quer formar em mim a imagem do Seu Jesus. Resiste, alma minha!" A cruz é o cinzel com o qual Deus molda os seus eleitos. Foi sempre assim.

Os mais abnegados não somente suportam as pancadas do cinzel que vêm de fora, mas colaboram também eles, quanto lhes é dado, impondo-se pequenas ou grandes mortificações voluntárias e quebrando sua velha vontade.

Se quisermos ser completamente libertos- dizia um Padre do Deserto_, aprendamos a dobrar nossa própria vontade, e assim, pouco a pouco, com a ajuda de Deus, avançaremos e chegaremos à plena libertação das paixões. É possível vencer dez vezes a própria vontade em um tempo curtíssimo e vos digo como: alguém está passeando e vê alguma coisa; seus pensamento lhe diz: "Olha lá!", mas ele responde ao pensamento: "Não, não olho!", e dobra sua própria vontade (Doroteo di Gaza, Insegnamenti [Ensinos], 1,20; SCh 92, p.177).

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Crítica

É bastante usual que muitas pessoas, quando vão fazer uma crítica, pedem desculpas antes de fazê-la. Dizem assim: "Você me desculpe, eu queria fazer uma crítica, mas é uma crítica positiva". É preciso lembrar que a palavra 'crítica' tem origem em um termo grego ligado à agricultura, que é criterion. Significa separar o positivo do negativo: o feijão da pedra, o arroz da palha, o joio do trigo.

Portanto, criticar significa separar o que serve do que não serve. Fazer uma crítica sempre implicará que ela seja positiva e negativa ao mesmo tempo. O que talvez as pessoas queiram dizer é "queria fazer uma crítica construtiva". Há uma diferença entre crítica construtiva e crítica destrutiva, portanto, nós estamos lidando com a intenção da crítica. Positiva e negativa ela sempre será, porque se uma crítica não separar o que serve e o que não serve, o que eu desejo e o que eu não desejo, ela não será crítica.

Sempre que desejamos criticar algo, temos que pensar em qual é a intenção: Será uma crítica positiva ou destrutiva? Quero eu ajudar com aquele pensamento crítico ou quero apenas fazer com que a pessoa criticada se sinta diminuída, humilhada?

Criticar é separar o que serve o que não serve. Se vamos fazê-lo, não precisamos pedir desculpas.

* Do livro Pensar bem nos faz bem! 
   Mario Sérgio Cortella