quinta-feira, 28 de junho de 2018

Quem tem ouvidos, ouçam...

 “Mil e um compromissos vos solicitam... 
Pois bem, que a preocupação de promover uma catequese viva e eficaz não ceda nada frente a qualquer outra preocupação seja ela qual for...
 O vosso papel principal deve ser o de suscitar e alimentar nas vossas Igrejas uma verdadeira paixão pela catequese; uma paixão, porém, que se encarne numa organização adaptada e eficaz, que empenhe na atividade as pessoas, os meios e os instrumentos e, também, os recursos financeiros necessários. Podeis ter a certeza disto: se a catequese for bem feita nas vossas Igrejas locais, tudo o mais será feito com maior facilidade”.
Catechesi Tradendae, 63- João Paulo II aos bispos

terça-feira, 26 de junho de 2018

4ª Semana Brasileira de Catequese

A Comissão Episcopal para Animação Bíblico-Catequética realizará de 14 a 18 de novembro de 2018, em Indaiatuba (Itaici-SP), a 4ª Semana Brasileira de Catequese.


Tema: 4ª Semana Brasileira de Catequese à serviço da Iniciação à Vida Cristã

Lema: “Nós ouvimos e sabemos que Ele é o Salvador do mundo” (Jo 4,42)

Objetivo geral: 
Compreender a catequese de inspiração catecumenal a serviço da iniciação à vida Cristã, buscando novos caminhos para a transmissão da fé, no contexto atual. 

Objetivos específicos:

- Refletir sobre a condição humana, a busca de sentido e a crise de fé na contemporaneidade;

- Apresentar a iniciação à vida cristã como eixo articulador da ação evangelizadora, a serviço da qual está a catequese (CNBB, Doc. 107, 76);

- Compreender o querigma e a mistagogia como caminho de renovação da comunidade e da formação do discípulo missionário de Jesus Cristo;

- Partilhar experiências significativas da catequese a serviço da iniciação à vida cristã dos regionais.


A 4ª Semana Brasileira de Catequese é uma oportunidade de reafirmar nosso empenho e compromisso no serviço à Iniciação à Vida Cristã, como um itinerário para formar discípulos missionários de Jesus Cristo numa comunidade querigmática, mistagógica e missionária.



LOGOMARCA 
O símbolo visual da 4ª Semana Brasileira de Catequese, que tem como inspiração o texto bíblico: “Nós ouvimos e sabemos que ele é o Salvador do mundo” (Jo 4,42), é constituído por uma cruz central, sinal de nossa salvação, sinal do amor de Jesus que nos amou até o fim. A cruz refere-se à morte de Jesus e também à sua ressurreição. A cruz é símbolo do estilo de vida que Cristo ensinou e que agora, somos convidados a assumir, do caminho pascal, de morte e ressurreição, que Cristo percorreu e que agora somos chamados a percorrer: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me” (Mt 16,24).É com o sinal da cruz que os catecúmenos são acolhidos na iniciação cristã.
Do lado esquerdo um pequeno traço nos lembra o lado transpassado de Cristo:  “Pendente da cruz, do seu coração aberto pela lança fez correr sangue e água” (RICA 215). O sangue e água são identificados pela Tradição da Igreja como os dois sacramentos principais: Eucaristia e Batismo. O lado aberto de Cristo morto na cruz também evoca a nossa imersão batismal na paixão e morte do Senhor. Do seio de Jesus elevado e glorificado no mistério da morte e ressurreição, flui a água viva, símbolo do dom do Espírito Santo. O Batismo confere aos fiéis o dom do Espírito Santo e os tornam portadores e templos do Espírito.
O espiral que se forma nas cores vermelha e azul, símbolo do sangue e da água, remete-nos a caminhada que iniciamos todos nós, a partir da fé em Jesus Cristo e da sua Igreja, que nasceu do seu lado aberto, assim como nova Eva do lado do novo Adão. É símbolo da caminhada dos simpatizantes, catecúmenos, eleitos, neófitos... de todo Cristão. O espiral em sentido anti-horário, representando o Kairós de Deus, “o tempo oportuno”, pelo qual somos regidos, amadurecemos e crescemos, ano após ano, de domingo a domingo, de páscoa em páscoa, até a páscoa definitiva. As pegadas aí impressas mostram que a nossa fé não é circular, mas espiral, como no ano litúrgico. A cada ano concluído, não paramos no mesmo lugar, amadurecemos no seguimento, não somos mais os mesmos, subimos um degrau.
Assim, a logotipo da 4ª SBC em sua simplicidade e profundidade, quer nos ajudar a refletir e a resgatar a essência de nossa fé e o fundamento da Iniciação à Vida Cristã, que deve unir experiência e anúncio, fé e vida num itinerário capaz de nos transformar em discípulos missionários de Jesus Cristo.
Comissão Episcopal Pastoral para Animação Bíblico-Catequética

O que “Moana” pode nos ensinar sobre Tradição e tradicionalismo


Achei interessante essa postagem e tomei a liberdade de publicá-la na íntegra, dando os devidos créditos.  Peço que naveguem por esse site (www.semprefamilia.com.br) que por sinal, tem artigos riquissimos. Cheguei no site quando fazia uma busca pelo artista  sacro, padre Marko Ivan Rupnik, citado por frei Jose Maria na  formação sobre liturgia na minha paróquia. Vale a pena pesquisar e vasculhar as obras de arte desse grande artista, que profundidade!
!
Nos tempos atuais precisamos saber qual a diferença de tradição com t minúsculo e Tradição com T maiúsculo. Toda essa reviravolta que está acontecendo na catequese é justamente para fazer o resgate da identidade cristã, que foi se perdendo. A maioria são batizados por tradição(t), por tradicionalismo. Porém, estamos no pé que estamos, cristão sem pé nem cabeça, descompromissados, desorientados.
Todo esse trabalho para que aconteça esse resgate na maneira de formar cristãos dos primeiros séculos (inspiração catecumenal). A catequese  à serviço da Iniciação Cristã.


Por 



"Gostaria de compartilhar uma coisa que me chamou a atenção quando assisti a Moana: Um Mar de Aventuras, filme da Disney de 2016: o filme é uma ótima maneira de entendermos melhor a diferença entre as “tradições” com minúscula e a “Tradição” com maiúscula no âmbito cristão. Como assim? Acompanhe – e cuidado com os spoilers.



No filme, a jovem Moana faz parte de uma comunidade que vive em um arquipélago do Pacífico. Ela se sente atraída pelo mar e desejosa de explorar o que há além dos recifes que cercam a ilha, mas é barrada pelo seu pai, o chefe da aldeia, e pelos outros membros da comunidade. Os habitantes da ilha temem o mar e procuram reprimir as crianças e jovens que se sentem fascinados por sua imensidão e suas possibilidades.

Isso porque décadas atrás o pai de Moana perdeu o seu melhor amigo durante uma tempestade em alto mar. Desde então, o povo vive da coleta de cocos em vez da pesca. Mesmo quando os cocos da ilha passam a vir estragados e quando os peixes somem das praias, os habitantes continuam relutantes a avançar para o mar aberto.

A avó de Moana, Tala, respeita a decisão do chefe, mas ainda assim alimenta o sonho de Moana de conhecer o mar. Ela mostra à neta uma caverna secreta, oculta atrás de uma cachoeira. Ali Moana encontra as embarcações que o seu povo utilizava no passado e descobre que eles eram navegantes, viajantes, aventureiros!

Apenas o relacionamento entre Tala e Moana já daria muito pano para a manga, pois reflete muito bem o que o Papa Francisco pensa sobre a interação entre os idosos e os jovens – Joel (2, 28) diz que os idosos sonharão e os jovens profetizarão e o papa diz que os jovens só podem profetizar se receberem os sonhos dos idosos. Mas esse assunto fica para outra hora. Aqui nos interessa explorar essa relação do povo da ilha com o mar.

À primeira vista, aquela comunidade tinha a tradição de ser avessa ao mar. O oceano era praticamente um tabu. “É assim que nós somos”, uma jovem como Moana poderia pensar. Essa atitude é relativamente compreensível, devido à dor da perda do amigo do chefe. Tentou-se até mesmo esconder a história passada, ocultando os barcos na caverna e evitando tocar no assunto.

Mas acabamos descobrindo que essa postura não reflete verdadeiramente a identidade daquela comunidade: eles têm DNA de navegadores! Foi o medo que lhes roubou a identidade e que os fechou na ilha. No final do filme, depois da jornada de Moana, o povo da ilha volta a se aventurar pelos mares – e assim abandona a sua tradição para reconquistar a sua Tradição.

Na Igreja acontece algo parecido. As tradições – que, com T minúsculo, são sinônimo de costume – são mantidas na ilusão de que “sempre foi assim”. Essa ilusão é a raiz do tradicionalismo. Não é raro encontrar na conservação incondicional das tradições um impulso de medo, de ensimesmamento ou de infidelidade à verdadeira Tradição. Por isso Jesus é duro com as tradições quando, por causa delas, invalidamos a Palavra de Deus (cf. Mt 15, 1-9). No filme – e na Igreja –, é possível ver como uma comunidade fundamentada apenas nas tradições gera uma atmosfera de medo, resignação e desencanto.

Já a Tradição é precisamente a transmissão de geração em geração daquilo que nos faz vivos, daquilo que nos dá identidade – do próprio anúncio cristão. O conceito de Tradição nos lembra que o Evangelho não é essencialmente uma doutrina dada por escrito, mas uma realidade transmitida pessoa a pessoa. A Tradição é uma “presença vivificadora”, como diz o Concílio Vaticano II, na constituição dogmática Dei Verbum (n. 8). No belo aforismo de Gustav Mahler, “a tradição não é a adoração das cinzas, mas a transmissão da chama”. Segundo a Dei Verbum, a Tradição é algo dinâmico, que progride continuamente, desvelando novos significados e novas exigências da fé em Cristo Jesus.

Como as embarcações escondidas atrás da cascata, a Tradição está sempre presente no povo fiel de Deus, mas como um rio cársico, que às vezes corre subterraneamente e às vezes emerge. Redescobri-la requer, muitas vezes, que abandonemos as tradições, reconhecendo-as como a obra de mãos humanas.

É assim, porém, que redescobrimos a nossa identidade, como o povo da ilha, em Moana, redescobriu o seu amor por navegar, a sua habilidade em navegar, a sua vocação de navegar, a sua missão de navegar – um dom recebido das gerações passadas. A Tradição – a verdadeira – abre novas possibilidades, devolve a alegria, fecunda a comunidade e torna a fé capaz de dizer algo aos homens e mulheres de hoje.


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Mudar de mentalidade


Vivemos um cenário de crise geral no Brasil, que afeta a todas as pessoas. Ela é provocada por falta de confiança, pela corrupção, chegando mesmo a uma podridão. A ideia é levar vantagem em tudo. Ao falar de mudança de mentalidade, qual será a reação do povo diante das próximas eleições? Deixar de votar ou anular o voto, isso não anula uma eleição e favorece os carreiristas.


Para uma pessoa mudar de mentalidade com o objetivo de construir uma sociedade diferente, ela terá que fazer um sério compromisso com a prática da verdade e agir com fidelidade. É o que mais falta no momento, porque não se olha para a realidade com os olhos de Deus. A crítica dos profetas ao sistema reinante de seus tempos era justamente isso, a perda da dimensão divina das coisas.

Houve um tempo em que apareceu João Batista anunciando uma mudança de mentalidade na história. Era uma voz que soava nos ouvidos do povo hebreu e pedia que houvesse transformação da sociedade. Ele preparava a chegada de novos ares, aquilo que precisa acontecer com o Brasil e com a sociedade em geral. João anunciava a chegada de Jesus Cristo para construir um novo tempo.

O nascimento de Jesus Cristo, anunciado por João Batista, era para a chegada do brilho de uma luz de libertação, mas para isso acontecer era exigida conversão, mudança de atitude, coragem para sair da zona de conforto e enfrentar o abandono da hipocrisia. Não é tão fácil mudar de mentalidade porque isso supõe perder privilégios, mordomias, e abrir mão de acúmulos desnecessários.

A centralidade da vida das pessoas está em Deus e não nos bens materiais. Na terra tudo passa, mas todos devem fazer de tudo para viver mais tempo, mas centrar sua vida naquilo que realmente possibilitará um futuro de eternidade. Essa realidade não é comprada com dinheiro e nem com práticas cristãs de curas interesseiras, mas no compromisso de fidelidade e de bom relacionamento comunitário.

Falamos hoje ser muito importante a mudança de vida e de mentalidade. Mas não basta querer que as coisas fossem diferentes. Há necessidade de a pessoa deixar-se mudar para depois provocar a mudança do outro e do mundo. A tarefa começa em casa, no cuidado com a gente mesmo, que começa de dentro para atingir realidades que são influenciadas pelo nosso próprio agir na sociedade.

Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba.