quinta-feira, 19 de julho de 2018

Fazei ECOAR, também os gritos...

O OTIMISTA VÊ OPORTUNIDADE EM CADA DIFICULDADE! 


Com o trabalho com o blog, acabo recebendo recadinhos de catequistas de todo Brasil, partilhando suas conquistas, anseios, angustias, dificuldades na catequese. Alguns chegam aos meus ouvidos como um pedido de socorro. Gostaria de partilhar por aqui alguns desses gritos, para que isso possa fortalecer a ideia de que realmente a maneira de formar cristãos, precisa urgentemente de uma renovação, conforme a Igreja vem nos propondo.

Vejamos:
⇒"Estou ajudando na coordenação da catequese de minha cidade e sinceramente, cogitei o uso do cartão de missa, pois por mais que os catequistas falem da importância da missa, cobrem a presença, a maioria ainda não freqüenta como deveria. 
⇒Reunião de pais é um fracasso, uma meia dúzia aparece. 
⇒No dia da 1ª comunhão, ano passado, muitas crianças foram sozinhas, ou com irmãos, mas a presença dos pais neste dia tão especial, lamentavelmente, foi péssima. O padre sempre fala nas missas da participação dos pais, mas ainda não fluiu muito. Então no momento não sei o que fazer...”

Já nos dizia Winston Churchill, O pessimista vê dificuldade em cada oportunidade; o otimista vê oportunidade em cada dificuldade. 

A questão da falta de envolvimento da família no processo catequético do filho, falta de comprometimento por parte daqueles que se dizem católicos, sequer com a missa dominical, nesse caso, a ausência na Primeira Eucaristia dos filhos, a falta de um processo continuado na educação da fé, tendo em vista a Iniciação Cristã, são fatos. 
Sendo assim, bispos, padres, catequistas otimistas, devem encarar tudo isso, como oportunidades para a tão desejada mudança. O que fazer? De posse da realidade, deve-se estudar as propostas, as pistas de ação que a Igreja, os documentos, os estudos tem passado, elaborar um projeto, um plano de ação para a catequese, provocar uma mudança de mentalidade do que realmente consiste a catequese, qual sua meta e depois, o mais difícil, vestir a camisa, arregaçar as mangas e partir para a ação.
Não existe caminho pronto, porém, todo caminho se faz dando um passo de cada vez. O que não podemos é viver de saudosismo, pois os tempos são outros, nem melhores, nem piores, OUTROS. Também nós catequistas e porque não o clero, crescemos, amadurecemos na fé e percebemos que precisamos e devemos fazer mais, traçar novos rumos, pois a necessidade de se evangelizar também as famílias se torna palpável, gritante, como nos foi relatado: “No dia da 1ª comunhão, ano passado, muitas crianças foram sozinhas, ou com irmãos, mas a presença dos pais neste dia tão especial, lamentavelmente, foi péssima.” Realmente, isso não é só lamentável, mas, inaceitável.

Aqui, não ouço apenas o grito de uma catequista, mas ouço um pedido de socorro por parte da família, como que dizendo: “ NÃO ENCONTRO SEQUER MOTIVOS PARA PARTICIPAR DA PRIMEIRA EUCARISTIA DO MEU FILHO(A)” Sejamos otimistas, façamos das dificuldades, oportunidades... As dificuldades estão aí, e as oportunidades também! Lamentar-se, escabelar-se, no caso desse relato, os sermões do padre na hora da homilia, e muito menos o cartão de presença nas missas, não basta. O que é preciso, é dar motivos, propor, oferecer, formar, enfim, não se conformar, tomar ATITUDE.

 “É somente numa profunda comunhão com ELE que os catequistas encontrarão luz e força para uma desejável renovação autêntica da catequese (CT)” Lembrando que esse desejo de renovação, não é só do catequista, mas deve ser de todos nós, que formamos a Igreja de Cristo, cada um com sua responsabilidade, fazendo sua parte, conseguiremos num futuro próximo, não deparar com pais que sequer encontram motivos para participarem  da Primeira Eucaristia do filho... A realidade é gritante, ouçamos... AVANTE!!! 
Imaculada Cintra 

quarta-feira, 18 de julho de 2018

Catequese QUIETISTA, nos novos tempos...


Vamos transformar, trabalhando! 

"O otimismo é uma questão mais psicológica, uma posição perante a vida. Algumas pessoas vêem sempre o copo meio cheio, e outras, ao contrário, meio vazio. A esperança tem algo de passivo em sua base porque é um dom de Deus. Não se pode adquirir a virtude da esperança por si mesmo, ela tem que ser dada pelo Senhor. Algo diferente é como cada um a utiliza, como a administra, como a assume. Em nossa concepção, a esperança é uma das três virtudes teologais, junto com a fé e a caridade. Costumamos dar mais importância à fé e à caridade. Entretanto, é a esperança que nos estrutura todo o caminho. O perigo é se encantar com a trilha e perder de vista a meta, e outro perigo é o quietismo: ficar olhando o objetivo e não fazer nada no caminho. O cristianismo teve épocas de fortes movimentos quietistas, que iam contra o preceito de Deus, que diz que se deve transformar a terra, trabalhar." ( do livro Sobre o céu e a terra - Jorge Bergoglio e Abraham Skorka- Paulinas) 

Lendo essas palavras de BERGOGLIO, quando ele era ainda arcebispo de Buenos Aires, pus-me a pensar em nossa catequese, nas mais diferentes realidades espalhadas por esse Brasil, e porque não dizer, por esse mundo. Como catequista atuante na minha paróquia e também através do blog e redes sociais, estou ciente da realidade da catequese, de nossas famílias, a maioria com uma fé superficial, infantil, descompromissada com o Reino de Deus.

Enfim, retrato daquilo que temos escutado tanto ultimamente, famílias batizadas, não evangelizadas, não iniciadas devidamente na fé. E nós catequistas, em nosso fazer catequético, por mais que tentemos ser criativos, ousados, parece que estamos dando braçadas contra a maré.

“Algumas pessoas vêem sempre o copo meio cheio, e outras, ao contrário, meio vazio”. Amei isso, e posso dizer com certeza, que mesmo diante da real situação, quando o assunto é a evangelização(nova)/catequese/IVC, estou no grupo dos que veêm o copo meio cheio. Por outro lado, em muitos lugares, o que vemos, são catequistas desanimados, enfraquecidos, desmotivados...

Sendo a esperança um dom de Deus, quando fomos escolhidos para essa missão, fomos agraciados por ele. O catequista vocacionado, jamais deve perder a esperança de transformar uma sociedade, através de um trabalho pensado, renovado, organizado, ousado. Talvez, o que nos falta, é sermos bons administradores dessa esperança.

“Algo diferente é como cada um a utiliza, como a administra, como a assume”. ASSUMIR, esta é a palavra de ordem para cada um de nós. Olhar pra frente e conseguir enxergar, mesmo que distante, um novo horizonte. Não basta só enxergar, é preciso colocar-se à caminho. 

“É a esperança que nos estrutura todo o caminho.” “O perigo é se encantar com a trilha e perder de vista a meta, e outro perigo é o quietismo: ficar olhando o objetivo e não fazer nada no caminho.” Nossa meta, nosso objetivo na catequese: FORMAR CRISTÃOS. “O preceito de Deus, que diz que se deve transformar a terra, trabalhar." Sendo assim, ficar de braços cruzados, numa catequese QUIETISTA, está contra o preceito e Deus: TRANSFORMAR, TRABALHANDO. Lembre-se, a esperança é o que nos move. QUIETISMO nos novos tempos, infelizmente, ainda é o câncer em muitas dioceses, paróquias, bispos, párocos, catequistas, agentes de pastorais.

Imaculada Cintra

quarta-feira, 4 de julho de 2018

Ousar com critérios

Ouvimos com certa frequência que o Catequista precisa ser OUSADO, AUDACIOSO na arte de evangelizar. Segundo Isaac Newton: " Nenhuma grande descoberta foi feita jamais sem um palpite OUSADO" ou: "Viver sem OUSAR é ousar construir sem projetar". Construir sem projetar... 

Antes de iniciar uma construção, é preciso ter em mãos um projeto, mesmo que seja apenas uma reforma. Às vezes achamos mais fácil começar uma construção da base, do que fazer uma reforma. Infelizmente, com o passar dos anos, ela é inevitável e por menor que seja, causa grandes transtornos. Tiramos tudo do lugar, aquela quebradeira, cacos, fuligens, poeira, ruídos de máquinas.

Enfim, enfrentamos, porque sabemos que o projeto depois de concluído valerá todo sacrifício. Não sou engenheira, nem arquiteta, sou catequista, estou rodeando para chegar na tão sonhada mudança em nossa catequese. Temos consciência de que essa “construção”(a catequese) com o passar dos anos, tem apresentado algumas rachaduras. Estamos chegando à conclusão que o momento da tão adiada reforma chegou. 

E somos agraciados, porque para acompanhar essa reforma, temos um arquiteto que é “divino”, o Espírito Santo. Ele está mostrando o caminho através dos documentos, estudos, subsídios, dando todas as coordenadas. É dedicado, está disposto a acompanhar toda obra de perto. Só precisa de pessoas que coloquem a mão na massa, servos obedientes e audaciosos. 

Lembrando que, antes e durante qualquer processo de mudança é preciso levar em consideração o seguinte: “DEVEMOS OUSAR, mas com critérios, sem machucar, destruir as pessoas ou aquilo que foi feito por elas.” Não podemos pensar que tudo o que fizemos até agora foi em vão. Não se trata disso, mas sim de ATUALIZAR, adequar aos novos tempos. 

Aqui na minha paróquia, por ocasião do ANC (Ano Nacional da Catequese/2009), propomos a troca de nosso material, do método para o estilo catecumenal, alteramos a data de início da catequese, propomos visitar todas as famílias de nossos catequizandos , fazendo o querigma antes de iniciar os encontros (pré-catecumenato). 

Sabíamos que isso seria um passo OUSADO, por se tratar de uma paróquia numerosa, formada por 14 comunidades, pois era preciso não só propor, mas fazer com que a mudança acontecesse. Tivemos medo, ficamos inseguros, mas no fundo sentíamos que estávamos no caminho certo. Nos unimos, procuramos estudar/conhecer o novo material, método, os Ritos. 

Fomos entendendo que tudo isso não era exigência do nosso pároco, nem da coordenação, mas da Igreja. Iniciamos em 2009. A aceitação/adesão foi quase que geral. Podemos dizer que em se tratando de Iniciação Cristã, somos ainda“bebes”, balbuciando as primeiras palavras. 

A cada ano, procuramos melhorar alguma coisa. Em momento algum, nos arrependemos de ter dito SIM a essa renovação na catequese. Temos ainda algumas dúvidas, mas nem de longe, queremos voltar à catequese que fazíamos. Somos testemunhas de que vale a pena ARRISCAR. Então, sejamos OUSADOS, mas tudo com muito critério. 

Imaculada Cintra, catequista de iniciação à Vida Cristã
Franca/SP

terça-feira, 3 de julho de 2018

De onde vem a “autoridade” do catequista?


...nos foi dada pelo próprio Cristo 

Num encontro com catequistas, muitos falavam da dificuldade em fazer acontecer seus encontros. A mesma história de sempre: crianças, jovens dispersos, desinteressados, como que  vindos para o encontro de catequese, como se fossem pra balada, para uma roda de amigos, para conversar, brincar. 



Foi falado também que o catequista precisa ter pulso firme, impor limites, quer dizer, não pode dar moleza, não ser muito bonzinho. 


Pus-me a pensar nisso... Não preciso ser "autoritário" pra conseguir a ordem num encontro de catequese. Quando o encontro é conduzido como uma batalha, quase nunca conseguimos chegar ao coração. Eles podem até por educação ou medo, ficarem quietos por um tempo, mas será que estamos fazendo ecoar alguma coisa? Com certeza estão pensando: " Que catequista chata!" 

Concordo, que hoje em dia grande parte de nossas crianças não tem limites,porém ninguém consegue ficar quieto, atento por uma hora, quarenta minutos, meia hora... 15 minutos??? E as vezes queremos isso! Não conseguimos isso nem com adultos!! Por exemplo, nós adultos, na missa, quando a homilia se estende, por mais interessante que seja, com tantos "ruídos" à nossa volta, nos dispersamos... Então, quando acontecer algo parecido em nossos encontros, precisamos ter jogo de cintura, para fazê-los voltar ao foco... 

Aí entra a autoridade conferida pelo próprio Cristo, a cada um que se dispõe a anunciar, evangelizar, catequizar. Autoridade de falar sob a ação do Espírito Santo. 

Remoendo sobre tudo isso, estava aqui pensando nessa tal "autoridade", que não podemos confundir com autoritarismo. Fiquei tentando imaginar como os discípulos anunciavam Jesus. Eles falavam com a autoridade de quem tinha feito a experiência de ter convivido, ouvido, visto com seus próprios olhos, ter tocado com suas próprias mãos. Fico imaginando como era o olhar que eles lançavam nas pessoas. Falavam com convicção, com amor, com unção, com vontade... 

Isso porque, a intimidade, a proximidade entre eles foi tanta, que Jesus deu uma ordem final, confiando aos seus discípulos a missão e o poder de explicarem com autoridade aquilo que Ele havia ensinado, suas palavras e seus atos, seus sinais e seus mandamentos. E pra isso, deu-lhes o Espírito Santo, pois sem ele seria impossível cumprir tal missão. 

IDE, FAZEI DISCÍPULOS DE TODAS AS NAÇÕES, ENSINANDO-OS A GUARDAR TUDO QUE TENHO MANDADO... Vamos, ide sem medo, estarei com vocês, sempre... 

Autoritarismo em nossos encontros? Jamais! 

Use e abuse da autoridade recebida do alto, fazendo com que transpareça a presença do ressuscitado nos temas trabalhados. 

"E bem depressa se começou a chamar catequese ao conjunto dos esforços envidados na Igreja para fazer discípulos, para ajudar os homens a acreditarem que Jesus é o Filho de Deus, a fim de que, mediante a fé, tenham a vida em Seu nome, para os educar e instruir quanto a esta vida e assim edificar o Corpo de Cristo. A Igreja nunca cansou de consagrar a tudo isso suas energias." (do caderno de estudo CATECHESI TRADENDAE - A CATEQUESE EM NOSSO TEMPO) 

Imaculada Cintra