segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Pequenos gestos, grandes lições!

O Natal e seus ruídos externos, com suas tantas luzes,  acabam por ofuscar a LUZ principal. Na catequese, nadamos contra a maré do Natal comercial.

Como estamos formando os futuros cristãos no que diz respeito ao mistério da encarnação?

Inúmeros textos, reflexões, mensagens bonitas, com palavras profundas, tudo tentando nos colocar dentro do mistério desse tempo. Para que isso aconteça, precisamos contar com catequistas, pastores mistagogos. Não basta falar sobre o Natal e seus significados, se isso não provoca mudanças de atitudes. Como catequista, nada mais gratificante, emocionante do que VER o testemunho de crianças que estão no processo de amadurecimento da fé, mostrando com suas atitudes, em pequenos gestos, que Jesus habita em seus corações. Com certeza entenderam que não se pode celebrar o Natal, fechado no egoísmo, cego às necessidades do  próximo. Se tantas palavras bonitas se transformassem em AÇÃO,  seria Natal todo dia!

Graças as ferramentas que tecnologia  oferece, posso saber o que acontece lá numa pequena aldeia em Portugal,  num encontro de catequese, numa confraternização de Natal com os catequizandos. Tomei a liberdade de escrever sobre o testemunho da Idalina, partilhado nas redes sociais/facebook. Ela é catequista de Azoia, uma aldeia nos arredores de Leiria-Fátima/Portugal. Quando li o relato dessa catequista, fiquei imaginando o aperto pelo qual passou ao perceber que uma criança ficaria sem o agrado de Natal. Fiquei feliz, emocionada com o desfecho, com a atitude dessas duas crianças, que fizeram o Natal acontecer diante dos olhos de todos. Poderiam ter se fechado ao egoísmo, mas não, sentiram compaixão, sofrendo com a catequista e com a criança que ficaria sem o seu saquinho. Isso pra mim é Natal.



A Idalina disse bem: "o gesto altruísta destas duas crianças aqueceu-me o coração e mostraram-me um dos motivos que me faz "aqui andar". Meu coração cá ficou aquecido também e te digo mais, é por essa e por outras que "aqui continuo a andar"


Nesse mundão tomado pelo consumismo, pelo egoísmo, que possamos aprender com nossas crianças... Com certeza, o que foi trabalhado em seus encontros de catequese, essas crianças demonstraram em atitudes... Parabéns! Pequenos gestos, grandes lições!

Beijo grande Carolina, Maria. Quem dera tivéssemos muitas Marias, muitas Carolinas espalhados pelos cantos do nosso mundo! Quem dera! Nosso mundo seria muito melhor!

Um santo Natal à todos os catequistas espalhados por esse mundão!
Nossa missão: fazer Cristo conhecido, amado, seguido!
Imaculada Cintra...


Testemunho da Idalina

"Festa de Natal com a catequese. Depois da apresentação do meu grupo pedi-lhes que se mantivessem juntos para lhes entregar uma pequena "prenda de Natal". Tinha feito 14 saquinhos que fui entregando, mas para minha surpresa, quando cheguei à 14.ª criança... não havia mais sacos!!.

Como era possível se eu os tinha contado! e agora o que fazer? Podia ter-me lembrado que no transporte o saco que continha os saquinhos tinha-se tombado na mala do carro e que o 14.º saquinho poderia ter ali ficado - como mais tarde verifiquei. Mas com todo o stress que normalmente acompanha a Festa de Natal, não me lembrei e só via os olhinhos tristes da 14ª. criança! 

Foi quando uma das crianças me estende o saquinho dela, ainda por abrir e me diz "dá-lhe o meu que eu partilho o da minha irmã" - tem uma irmã gémea no grupo. E atrás de mim estava já outra menina a estender-me o saquinho dela e a dizer o mesmo - "toma, dá-lhe o meu". Aceitei o da "gémea" com a promessa que depois lhe daria outro. 

Fiquei incomodada com esta situação e mais ainda quando horas mais tarde encontrei o saquinho perdido na mala do carro, coisa que na altura me podia ter lembrado! Mas, por outro lado penso que até foi bom que tivesse acontecido: o gesto altruísta destas duas crianças aqueceu-me o coração e mostraram-me um dos motivos que me faz "aqui andar". Obrigado Carolina! Obrigado Maria!


Feliz Natal!

Idalina Gaspar

Catequese de azoia


terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Cursos de janeiro da UNISAL, oportunidade de formação!

Olá queridos catequistas,
Em janeiro de 2014, iniciei o curso de Metodologia catequética na Unisal.
Na época, partilhei alguma coisa e percebi que muitos catequistas desconheciam tais cursos. Em 2015, concluirei o CMC(curso Metodologia Catequética). 
Mesmo  em cima da hora, disponibilizo aqui para quem tiver interesse.
Se não der pra começar em 2015, se programe para 2016.

Peça pra sua diocese, pra sua paróquia investir em sua formação!
Para conhecer os cursos, clique em cima de curso que queira saber e será direcionado ao link com todas as informações.

METODOLOGIA CATEQUÉTICA 
Módulo I (anos ímpares) 
A catequese no processo de evangelização
Documentos eclesiais sobre catequese
Bíblia e Catequese 
Catecismo da Igreja Católica e inculturação 
Metodologia Catequética I: geral 
Metodologia Catequética II: adultos 
Metodologia Catequética IV: adolescentes, pré-adolescentes e crianças
Metodologia Catequética V: catequese e atividades lúdicas 

Módulo II (anos pares) 
Catequese e moral 
Metodologia Catequética III: jovens (PJ)
Catequese e situações especiais Catequese e 
liturgia Catequese na Igreja local 
História da Catequese 
Diretório Nacional de Catequese 
  


A Unidade São Paulo / Campus Pio XI do UNISAL está com as inscrições para os Cursos de Janeiro 2015.



quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Qual a maior festa do cristianismo?

Ao contrário do que muitos pensam, a maior festa cristã não é o Natal, mas a Páscoa do Senhor. É no tríduo Pascal que se celebram os mistérios de Cristo que são o fundamento de toda nossa fé. A ressurreição do Senhor é a grande prova da verdade de tudo o que ele ensinou e fez. Como diz o apóstolo Paulo, se Cristo não tivesse ressuscitado, vazias seriam nossa pregação e nossa fé (cf. 1Cor 15,14)
Fonte: Livro A fé cristã para catequistas - Pe Leomar Brustolim - Paulinas

A espiritualidade do Advento


Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)

Com o Advento iniciamos um novo Ano Litúrgico, quando começamos as leituras dominicais do ano B, em que privilegiamos o Evangelho de São Marcos. É tempo de preparação para a Solenidade do Natal (primeira vinda do Senhor) e da expectativa da segunda vinda do Cristo no fim dos tempos.

Celebrar a liturgia é uma oportunidade de aprofundar a fé e caminhar com esperança no futuro, vivendo a caridade.

Desde o Domingo de Cristo Rei vivemos a Campanha pela Evangelização, que vai culminar com a coleta no Terceiro Domingo do Advento.

A coroa do Advento é uma das características deste tempo: a cada semana acendemos uma das quatro velas, preparando-nos para a celebração do mistério da encarnação: Ele veio, virá e vem!

A liturgia vai se delineando no passar dos séculos tanto no Oriente como no Ocidente. Temos uma grande e rica experiência que nos foi transmitida e que necessitamos atualizar. É necessário distinguir elementos que dizem respeito a práticas ascéticas e a outras, de caráter estritamente litúrgico; um Advento que é preparação para o Natal, e um Advento que celebra a vinda gloriosa de Cristo (Advento escatológico). Um testemunho antigo encontra-se em uma passagem de Santo Hilário (por volta de 366), que diz: "Sancta Mater Ecclesia Salvatoris adventos annuo recursu per trium septimanarum sacretum spatium sivi indicavit" (CSEL, 65,16). "A santa mãe Igreja oferece um espaço sagrado de três semanas por ano para a vinda do Salvador".

O duplo caráter do Advento, que celebra a espera do Salvador na glória e a Sua vinda na carne, emerge das leituras bíblicas festivas. O primeiro domingo orienta para a parusia final. O segundo e o terceiro chamam a atenção para a vinda cotidiana do Senhor; o quarto domingo prepara-nos para a natividade de Cristo, ao mesmo tempo fazendo dela a teologia e a história. Portanto, a liturgia contempla ambas as vindas de Cristo, em íntima relação entre si.

A partir do dia 17 de dezembro iremos viver a Preparação próxima do Natal, com sua liturgia própria e com as famosas antífonas em “Ó” que contemplam Nossa Senhora da Expectação como N. Sra. do Ó.

Toda a liturgia do Advento é apelo para se viver alguns comportamentos essenciais do cristão: a expectativa vigilante e alegre, a esperança, a conversão, a pobreza. A expectativa vigilante e alegre caracteriza sempre o cristão e a Igreja, porque o Deus da revelação é o Deus da promessa, que manifestou em Cristo toda a sua fidelidade ao homem: "Todas as promessas de Deus encontram nele seu sim" (2 Cor 1,20). A esperança da Igreja é a mesma esperança de Israel, mas já realizada em Cristo.

Os nossos primeiros irmãos na fé, como atesta a Didaqué, imploravam: "Que o Senhor venha e passe a figura deste mundo. Maranatha. Amém". Assim termina o livro do Apocalipse e toda a escritura: "Aquele que atesta essas coisas diz: Sim! Venho muito em breve. Amém! Vem, Senhor Jesus. A graça do Senhor Jesus esteja com todos. Amém" (Ap 22,20). A expectativa vigilante é acompanhada sempre pelo convite à alegria. O Advento é tempo de expectativa alegre porque aquilo que se espera certamente acontecerá. Deus é fiel. A vinda do Salvador cria um clima de alegria que a liturgia do Advento não só relembra, mas quer que seja vivida. O Batista, diante de Cristo presente em Maria, salta de alegria no seio da mãe. O nascimento de Jesus é uma festa alegre para os anjos e para os homens que Ele vem salvar (Lc 1, 44.46-47; 2, 10.13-14).

No Advento, toda a Igreja vive a sua grande esperança. O Deus da revelação tem um nome: "Deus da esperança" (Rm15,13). Não é o único nome do Deus vivo, mas é um nome que O identifica como "Deus para conosco". O Advento é o tempo da grande educação à esperança: uma esperança forte e paciente; uma esperança que aceita a hora da provação, da perseguição e da lentidão no desenvolvimento do Reino; uma esperança que confia no Senhor e liberta das impaciências subjetivistas e do frenesi do futuro programado pelo homem.

Na convocação ao testemunho da esperança, a Igreja, no Advento, é confortada pela figura de Maria, a mãe de Jesus. Ela, que "no Céu, glorificada em corpo e alma, é a imagem e a primícia da Igreja... brilha também na Terra como sinal de segura esperança e de consolação para o povo de Deus a caminho, até que chegue o Dia do Senhor" (2 Pd 3,10).

Advento, tempo de conversão, como espera do Redentor! Não existe possibilidade de esperança e de alegria sem retornar ao Senhor de todo coração, na expectativa da Sua volta. A vigilância requer luta contra o torpor e a negligência; requer prontidão e, portanto, desapego dos prazeres e bens terrenos. O cristão, convertido a Deus, é filho da luz e, por isso, permanecerá acordado e resistirá às trevas, símbolo do mal, pois do contrário corre o risco de ser surpreendido pela parusia. Nesse tempo, em nossas paróquias temos a oportunidade de fazer os mutirões de confissões, quando sacerdotes de uma mesma região atendem as confissões dos paroquianos de uma determinada paróquia em um dia da semana. Tempo de celebrar a conversão e o retorno a Deus através do sacramento da Penitência.

O comportamento de vigilante espera na alegria e na esperança, exige sobriedade, isto é, renúncia aos excessos e a tudo aquilo que possa desviar-nos da espera do Senhor. A pregação do Batista, que ressoa no texto do evangelho do Segundo Domingo do Advento, é apelo para a conversão, a fim de preparar os caminhos do Senhor. O espírito de conversão, próprio do Advento, possui tonalidades diferentes daquelas relembradas na Quaresma. A substância é essencialmente a mesma, mas, enquanto a Quaresma é marcada pela austeridade da reparação do pecado, o Advento é marcado pela alegria da vinda do Senhor.

Enfim, um comportamento que caracteriza a espiritualidade do Advento é o do pobre. Não apenas o pobre em sentido econômico, mas também o pobre entendido em sentido bíblico: aquele que confia em Deus e apoia-se totalmente nele. Estes “anawîm”, como os chama a Bíblia, são os mansos e humildes, porque as suas disposições fundamentais são a humildade, o temor de Deus, a fé.

Eles são objeto do amor benévolo de Deus e constituem as primícias do "povo humilde” (Sf 3,12) e da "Igreja dos pobres" que o Messias reunirá. Jesus proclamará felizes os pobres e neles reconhecerá os herdeiros privilegiados do Reino, Ele mesmo será pobre. Belém, Nazaré, mas, sobretudo, a cruz: são diversas formas com que Cristo manifestava-se como autêntico "pobre do Senhor". Maria emerge como modelo dos pobres do Senhor, que esperam as promessas de Deus, confiam Nele e estão disponíveis, com plena docilidade, à atuação do plano de Deus.

Vivamos com abertura de coração este tempo privilegiado, e manifestemos nossa fé com coragem, simplicidade e alegria. 
Eis que o Senhor veio, virá e vem!