quinta-feira, 28 de abril de 2011

Senhor, ouvi nosso CLAMOR...

Imagino que todos saibam da beatificação de nosso querido Papa João Paulo II, no próximo domingo, 1° de maio, domingo dedicado a divina misericórdia. A beatificação é a liturgia que propõe uma pessoa como modelo de vida e intercessor junto de Deus e autoriza o seu culto público na Igreja Católica. Procurando algo sobre a relação de João Paulo II com a catequese, encontrei o texto abaixo de Dom Eugênio Rixen, onde ele destaca várias falas do Papa dirigida á catequese e aos catequistas.

Em conversa com  catequistas de estados diferentes, notamos que existe uma necessidade gritante de catequistas vocacionados. Isso nos mostra que existem muita gente que ainda tem enterrado seus talentos/dons, enquanto muitos estão sobrecarregados, tentando de uma forma ou de outra suprir, tapar os buracos. Catequistas que se desdobram e assumem mais de uma turma. Outros se desgatam em encontros improdutivos devido ao grande número de catequizandos por turma. Paróquias que transferem parte de seus catequizandos, dizendo não ter "vagas". Vejo isso como uma falta de responsabilidade, pois estão apenas transferindo o problema, sendo que a falta de catequistas é geral.

Em alguns lugares, não existem uma catequese continuada, catequizandos que param na primeira Eucaristia por falta de catequistas que os acompanhe até o Crisma. Nossa realidade é preocupante, precisamos de unir nossas forças e clamar a Deus que envie operários para essa grande messe. Que nosso querido e futuro beato João Paulo II possa interceder por nossas necessidades e faça brotar nos corações de muitos homens e mulheres de boa vontade o desejo de também colocar a mão na massa nesse trabalho tão exigente e tão necessário,  a catequese. Que os atuantes encontrem forças e sejam perseverantes não se deixando vencer pelos obstáculos.

João Paulo II, Madre Teresa, Rogai a Deus por nós!
Amém!
O importante não é o que se dá, mas o amor com que se dá.(Madre Teresa)

O importante não é você ser um catequista, mas sim o AMOR colocado em cada gesto, em cada palavra, em cada expressão! (Imaculada)
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A Catequese e o Pontificado de João Paulo II

No início de seu pontificado, o Papa João Paulo II dá uma atenção especial à catequese, herança recebida de seu antecessor, Paulo VI, que na Assembléia Sinodal em outubro de 1977, escolheu a catequese como tema de análise e de reflexão episcopal. No dia 16 de outubro de 1979, João Paulo II formulou as primeiras orientações na exortação Apostólica Catechesi Tradendae.


Na sua primeira visita ao Brasil em 1980, durante uma homilia em Porto Alegre, faz uma belíssima exortação aos catequistas. No início de sua pregação ele diz: “Filhos diletíssimos, vim para conhecer-vos melhor, para escutar-vos, para entrar em diálogo convosco, para mostrar-vos que a Igreja está perto de vós e partilha os vossos problemas, as vossas dificuldades e sofrimentos, as vossas esperanças”. Percebemos, com esta saudação, que o papa veio ao nosso país com um desejo muito grande de escutar o apelo do nosso povo, conhecer melhor a Igreja do Brasil e principalmente dialogar, conhecendo os nossos problemas, na busca de encontrar novos caminhos. Como sucessor de Pedro, veio encorajar todos os brasileiros a permanecerem unidos na fé.


Ainda em Porto Alegre, durante sua pregação, ele nos lembra das mudanças ocorridas na sociedade atual e pergunta: “Estarão os cristãos do Brasil preparados a enfrentar o choque provocado por esta passagem das velhas às novas estruturas econômicas e sociais? A sua fé estará em condições de permanecer inabalável? ” Para responder a estas questões diz que é necessário alimentar a religiosidade do nosso povo a partir das verdades reveladas da nossa fé. Em outras palavras, “ impõe-se um esforço sério e sistemático de catequese. Eis o problema que hoje se põe diante de vós em toda a sua gravidade e urgência”.


O educador na fé procura continuar a missão iniciada por Jesus guiado pelo Espírito Santo. Este serviço na Igreja é de fundamental importância. O papa valorizando o ministério dos catequistas afirma: “Que serviço mais belo que o do catequista que anuncia a Palavra divina, que se une com amor, confiança e respeito ao próprio irmão, para ajudá-lo a descobrir e realizar os desígnios providenciais de Deus sobre ele?” Eis que a missão do catequista consiste também em fomentar que as nossas comunidades sejam mais acolhedoras e catequizadoras.


O catequista é um anunciador da Palavra, alguém que procura de fato vivenciá-la no dia a dia. Seu testemunho é fundamental, pois não se pode separar a fé da vida quotidiana. O educador na fé tem uma “tarefa extremamente árdua e delicada, porque a catequese não é um simples ensino, mas a transmissão de uma mensagem de vida, como jamais será possível encontrar em outras expressões do pensamento humano. Quem diz ‘mensagem’, diz algo mais do que doutrina. Quantas doutrinas jamais chegam a ser mensagem! A mensagem não se limita a expor idéias, ela exige uma resposta, pois é interpelação entre pessoas, entre aquele que propõe e aquele que responde. A mensagem é vida. Cristo anunciou a Boa Nova, a salvação e a felicidade” . Por ser uma mensagem de vida, é que o papa, todas as quartas-feiras, em audiência geral no Vaticano, catequiza o povo.


Muitos são os temas importantes tratados, como: a) catequese em família, pois os pais são os primeiros educadores na fé. “Um momento muitas vezes decisivo é aquele em que as crianças recebem dos pais e do meio ambiente familiar os primeiros elementos da catequese, os quais não serão mais, talvez, do que uma simples revelação do Pai celeste, bom e providente, no sentido do qual tais crianças hão de aprender a voltar ao coração”; b) a catequese na Paróquia - um lugar importante para a catequese, onde se prioriza a formação dos catequizandos; “Se é verdade que se pode catequizar em toda parte, eu queria no entanto realçar – em conformidade como o voto de grande número de bispos – que a comunidade paroquial deve permanecer a animadora da catequese e o seu lugar privilegiado”. c) catequese nos meios de comunicação social- “A catequese, que até agora teve expressão sobretudo escrita, é convocada a exprimir-se sempre mais também através destes novos instrumentos. A tarefa é grande e de muita responsabilidade: é preciso agir nos meios de comunicação e ao mesmo tempo educar para o uso destes instrumentos”. d) catequese e metodologia- “Pouco valor terá a catequese, mesmo substanciosa e segura, se não for transmitida com eficiência de expressão e apoio daqueles subsídios didáticos que hoje se apresentam sempre mais ricos e sugestivos”. e) catequese e adultos- “Esta é a principal forma de catequese, porque se dirige a pessoas que têm as maiores responsabilidades e capacidade para viverem a mensagem cristã na sua forma plenamente desenvolvida. A comunidade cristã, efetivamente, não poderia por em prática uma catequese permanente sem a participação direta e experimentada dos adultos, quer eles sejam destinatários quer sejam promotores da atividade catequética”.


No Sínodo Extraordinário para os Bispos em 1985, fazendo uma avaliação da caminhada do Concílio Ecumênico Vaticano II, os padres sinodais pediram ao papa a redação de um Catecismo Universal para a Igreja Católica. A proposta foi acolhida e no dia 11 de novembro de 1992 o Catecismo da Igreja Católica foi publicado e entregue a todos os bispos. A partir daí, pensou-se também na possibilidade de uma revisão do Diretório Catequético Geral de 1971 e em 1997 é publicado o novo Diretório Geral para a Catequese que foi uma atualização do anterior. Procura também dar orientações para o uso do Catecismo da Igreja Católica.


Logo após a publicação do documento pontifício Catequese Tradendae, nasce no Brasil o texto Catequese Renovada, Orientações e Conteúdo(1983) da CNBB. Documento bastante importante para a nossa catequese sobre a educação na fé. Despertou a Igreja no Brasil para uma catequese inserida na realidade, como também uma catequese adulta para adultos numa formação interativa (fé e vida).


Assumindo a Catequese como prioridade no seu pontificado, o papa motivou nos países a elaboração de diretórios nacionais e regionais adaptando-os a cada realidade. Respondendo a esse desejo a Igreja no Brasil está elaborando o seu Diretório Nacional de Catequese profundamente ligado a mística evangélico - missionária e bíblica - vivencial.

Toda a Igreja do Brasil, particularmente os catequistas, expressam sua gratidão e amor ao Santo Padre pela sua dedicação à catequese ao longo do seu pontificado.
Que o Senhor o abençoe, ilumine e fortaleça na sua missão.

Dom Eugênio Rixen
Bispo de Goiás - GO
Presidente da Comissão Bíblico-catequética

Publicado pela CNBB em 7/10/2003

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