quarta-feira, 6 de abril de 2011

Céu e Inferno...

Recebi alguns comentários, emails, conversei com algumas amigas pessoalmente sobre o post " O que quero quando a morte bater à minha porta". Houve reações diferentes: "Nossa, não gostei da sua última postagem, não me senti bem ao ler..."  "Puxa, queria ter a metade de sua força, quando me deparar com a morte..." "Sabe, que também tenho uma curiosidade/desejo de ter esse encontro com Deus face a face..." "Também imagino meu funeral, e queria ver a cara das pessoas que não gostam de mim ao  verem o quanto sou amada por tantos..." srsrsrsrsr

Bom! Ao primeiro comentário, respondi que não estou fazendo previsão alguma de minha morte, se isso acontecer será mera coincidência,  escrevi esse texto tomada de muita alegria. Quanto a força que passei,  isso é o que QUERO, não sei se serei essa fortaleza toda quando acontecer. O desejo profundo de todos nós é ter esse encontro com nosso Criador, ir para o  céu  queremos, porém,  morrer ninguém quer. Essa coisa de sermos amados por todos, isso não existe e outra, ninguém tem obrigação de gostar de ninguém. Somos bálsamo para uns e veneno para outros. Somos mais qualidades que defeitos, mas existem os que só enxergam os defeitos.

Procuro tocar nesse assunto com naturalidade, não porque sou maquiavélica ou insensível,  mas porque como catequistas precisamos afastar os fantasmas que criamos com relação a esse tema.A dor, o vazio da perda de um ente querido não tem como descrever, só quem passou ou está passando sabe explicar, e isso acontece com nossos pequenos e se não estão preparados para esse momento, a dor se multiplica.

Nos bate uma insegurança danada quando o assunto é Céu, Inferno, purgatório...
Recebi por email, essa parábola da Samya, vejo que veio complementar o tema da morte...


CÉU E INFERNO ÍNTIMOS

Conta-se que um dia um samurai, grande e forte, conhecido pela sua índole violenta, foi procurar um sábio monge em busca de respostas para suas dúvidas.

- Monge, disse o samurai com desejo sincero de aprender, ensina-me sobre o céu e o inferno.
O monge, de pequena estatura e muito franzino, olhou para o bravo guerreiro e, simulando desprezo, lhe disse:

- Eu não poderia ensinar-lhe coisa alguma, você está imundo. Seu mau cheiro é insuportável.

- Ademais, a lâmina da sua espada está enferrujada. Você é uma vergonha para a sua classe.
O samurai ficou enfurecido. O sangue lhe subiu ao rosto e ele não conseguiu dizer nenhuma palavra, tamanha era sua raiva.

Empunhou a espada, ergueu-a sobre a cabeça e se preparou para decapitar o monge.
- "Aí começa o inferno", disse-lhe o sábio mansamente.

O samurai ficou imóvel. A sabedoria daquele pequeno homem o impressionara. Afinal, arriscou a própria vida para lhe ensinar sobre o inferno.

O bravo guerreiro abaixou lentamente a espada e agradeceu ao monge pelo valioso ensinamento.
O velho sábio continuou em silêncio.

Passado algum tempo o samurai, já com a intimidade pacificada, pediu humildemente ao monge que lhe perdoasse o gesto infeliz.

Percebendo que seu pedido era sincero, o monge lhe falou:
- "Aí começa o céu".

Para nós, resta a importante lição sobre o céu e o inferno que podemos construir na própria intimidade.
Tanto o céu quanto o inferno, são estados de alma que nós próprios elegemos no nosso dia-a-dia.
A cada instante somos convidados a tomar decisões que definirão o início do céu ou o começo do inferno.
É como se todos fôssemos portadores de uma caixa invisível, onde houvesse ferramentas e materiais de primeiros socorros.

Diante de uma situação inesperada, podemos abri-la e lançar mão de qualquer objeto do seu interior.
Assim, quando alguém nos ofende, podemos erguer o martelo da ira ou usar o bálsamo da tolerância.
Visitados pela calúnia, podemos usar o machado do revide ou a gaze da autoconfiança.

Quando injúria bater em nossa porta, podemos usar o aguilhão da vingança ou o óleo do perdão.
Diante da enfermidade inesperada, podemos lançar mão do ácido dissolvente da revolta ou empunhar o escudo da confiança.

Ante a partida de um ente caro, nos braços da morte inevitável, podemos optar pelo punhal do desespero ou pela chave da resignação.

Enfim, surpreendidos pelas mais diversas e infelizes situações, poderemos sempre optar por abrir abismos de incompreensão ou estender a ponte do diálogo que nos possibilite uma solução feliz.

A decisão depende sempre de nós mesmos.
Somente da nossa vontade dependerá o nosso estado íntimo.
Portanto, criar céus ou infernos portas à dentro da nossa alma, é algo que ninguém poderá fazer por nós.

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