Podas

Já li essa mensagem outras vezes, e toda vez que leio, entendo mais as podas de Deus na minha vida. Já comentei que também me revoltei com um jardineiro, quando pedi para dar formas às minhas plantas, ele cortou no toco, quando vi aquilo, fiquei muda, branca, quando o jardineiro sem jeito me diz: "Pronto senhora, terminei, gostou?"

Terminou? O senhor acabou foi com tudo. Moço do céu, cadê minhas plantas? Não consegui falar mais que isso. Tive vontade de dizer: "Tá bom, gostei, mas o senhor nunca mais faça isso, cortar aquilo que não pedi". Mas, na verdade, não sei muito brigar por esse tipo de coisas, acabo tendo pena da pessoa, fico chateada, engulo e quem está por perto é que aguenta meu azedume. E depois, ele como jardineiro, de certo percebeu que minhas plantas estavam precisando não de um cortezinho, mas de uma podada geral.

O mesmo acontece com a gente, vamos crescendo, crescendo, até que começamos a perder a "forma", ...de catequista, de cristãos, achamos até que somos como Deus, no direito de julgar, de condenar os outros. (Ops! Uma correção, nem Deus faz isso.) Até que nosso jardineiro Maior vem e nos poda. No começo sofremos, mas depois entendemos que realmente estávamos precisando de ser cortados no toco, para crescermos com mais força. Essas são as podas de Deus.

Lembrei-me também, de uma das primeiras formações que participei sobre Iniciação Cristã, a assessora nos dizia que  nós catequistas mostramos que não somos de fato INICIADOS na fé, que damos mostras disso quando passamos pelas dificuldades e ainda achamos que sendo catequista, Deus bem que poderia amenizar um pouquinho. "Puxa, eu que dou minha vida nessa Igreja, nessa catequese, porque tenho que passar por isso? " É, padre Marcelo Max  tem razão quando diz que só encerraremos nosso processo de crescimento, de iniciação, quando abotoarmos nosso paletó de madeira. Enquanto, isso vamos igual tonto, caindo e levantando pra cair de novo. Se ainda não conhece essa reflexão de Dom Hélder, eis a oportunidade. Não temos que aprender a esperar as demoras de Deus? Também aprender a aceitar as podas.

Podas

Podas Quando eu era criança, encontrei, um dia, um jardineiro, com uma tesoura enorme na mão. Fiquei revoltado quando vi que ele, com a sua tesoura, começou a cortar os galhos mais tenros de todas as plantas. Reclamei, agarrei-o pelo braço. Ele sorriu e pediu-me que, depois de um mês, eu voltasse a ver o resultado do que tinha feito.

 E, de fato, um mês depois todas as plantas estavam ainda mais belas e cheias de vida. Foi assim que aprendi o segredo das podas.

Quando li, no Evangelho, que o Criador e Pai poda justamente os galhos que dão frutos, entendi, aceitei, porque eu já sabia o efeito da poda.

Por que todos nós temos a tentação de imaginar que os sofrimentos que nos chegam são castigos de Deus?! Por que não pensar que Deus permite sofrimentos físicos e morais, como o agricultor que poda suas árvores, para que dêem mais fruto ainda?!

Por mais que o sofrimento nos desnorteie; por mais que certos sofrimentos pareçam absurdos e revoltantes, agarremos-nos a estas duas certezas, como quem se agarra a dois cabos de aço: Deus existe e Deus é Pai.

 Dom Hélder Câmara