terça-feira, 14 de setembro de 2010

Ainda sobre os porcos...

O povo ficou radiante mesmo que por um acidente, ter descoberto a maneira de comer porcos assados. Percebemos que eles comeram por algum tempo porcos assados queimando todo mato, até que pessoas pensantes, inovaram, aprimoraram a maneira de capturar os porcos sem queimar todo mato e ainda descobriram plantas que davam um sabor especial à carne. Isso porque, não se acomodaram, porque perceberam que aquele método ainda não era satisfatório. Quando acharam que haviam se esgotado todas as técnicas, aparece um pensante mor e joga sobre eles o óbvio. Pegue primeiro o porco, tempere e só depois de preparado, o asse.

Quando lia essa historinha que não foi contada para um grupo de catequistas, comecei pensar em nosso processo catequético. Embora muitas coisas tenha mudado em nossa catequese, percebemos que tem muito a ser mudado. Não preciso repetir o que acontece, porque todos nós  presenciamos ano após ano, crianças que são trazidas pra catequese "para receber os sacramentos", muitos o da "eucaristia" somente.  E isso até pouco tempo, julgavamos ser satisfatório.

Todo ano aquele amontoado de crianças recebiam a eucaristia, e outro tanto recebiam a crisma,  uma sacramentalização em massa. E o tempo passando... Em alguns catequistas, houve uma inquietação, misturado com frustração, foram percebendo que ´tinha alguma coisa errada, que mesmo os que peserveravam até a crisma, poucos tinham uma consciência de vivência comunitária, nem da missa dominical, quanto mais se engajar numa pastoral. 

Mas, assim como aconteceu com a história dos porcos assados, existiram também Cristãos pensantes e iluminados, estudaram, se reuniram, sonharam uma catequese diferente, onde a META seria formar cristãos e viram o óbvio, nem precisariam inventar novas técnicas, viram que só precisariam resgatar, buscar algo que já deu certo tempos atrás, na verdade acordaram.

Quando chega um pensante desses, com todo seu entusiasmo,  propõe uma mudança, muitas vezes não são acolhidos, nem escutados, porque a maioria  preferem viver no "efeito Gabriela": "Eu nasci assim, vou morrer assim, sempre gabriela..." E o tempo continua passando...

Continuamos com nossa sacramentalização em massa. Agora, se nós catequistas que estamos na luta diária, fazendo das tripas coração para passar um pouquinho de Deus para esses catequizandos, concordamos com isso, não vamos mudar nunca, vamos continuar a comer carne crua. Porque mudança dá trabalho, envolve planejamento, reestruturação,  formação, capacitação, programação, chateação, e muitas vezes não queremos isso, já temos problemas demais, pra que arrumar mais um.

Se o catequista tem essa sede de mudança é porque o Espírito Santo  suscita isso nele, se ele desanima na primeira tentativa, aí a vaca vai pro brejo mesmo, porque não são os párocos e nem nossos bispos que estão ali toda semana, falando às paredes, não são eles que saem sem voz, sem energia de um encontro de catequese, somos nós, então ninguém melhor que nós pra dizer que do jeito que está não dá pra continuar. Se for preciso virar a mesa, vamos virar a mesa, vamos dizer que pra nós assim não dá, que queremos sim continuar na catequese, mas que precisamos de ajuda, precisamos da comunidade do nosso lado. Isso é um direito nosso, podemos sim brigar por isso, sem ser taxada de encrenqueira. A nossa luta é por uma boa causa. E essa causa é de todos.

Me lembro que quando propomos a mudança na minha paróquia, parecia que a catequese da paróquia inteira estava nas  costas  desses  poucos catequistas, estava pesado. Estavamos  com medo, inseguros, não sabíamos que chão iríamos pisar, medo de não darmos conta, medo da não aceitação da maioria dos catequistas, medo de trocar de material, medo de mudar a data de início da catequese, medo, medo, medo... Pedimos que um padre acompanhasse a catequese e fomos atendidos. Se bem que ele não teve opção. Estamos hoje em plena mudança, sendo orientados em tudo, mas brigamos por isso.

É gostoso, ver que os catequistas que estão caminhando a um ano no processo catecumenal , passa às turmas que estão iniciando o que não deu certo, o que precisa ser melhorado, isso na tentativa de não somente mudar de material, mas de percorrer com êxito todo itinerário catequético.  Padre Lelo quando veio nos passar a formação sobre o material, ele nos disse que ninguém  percorreu esse caminho, ele é novo. Quando ouvi isso, meu medo aflorou, pois acreditava que ele nos passaria algo de concreto, mas o que ele tinha eram apenas palavras escritas num livro. Então, conforme o Dunga diz: O caminho se faz caminhando. É o que estamos fazendo.

Desde o ano passado, nossa catequese ganhou vida, estamos motivados, e com uma alegria imensa no coração, estamos começando, errando, apanhando, corrigindo, mas, estamos juntos, caminhando...
Tudo isso que escrevi é para motivá-lo a provocar a mudança que você tanto deseja. Se for preciso, faça greve, quero ver a Igreja ficar sem catequistas, não estamos reivindicando melhores salários, porque já somos muito bem remunerados, estamos pedindo um pouco de atenção, de zelo por uma coisa que é prioridade na Igreja: A Educação na fé, a fomação de cristãos autênticos. ( a greve é brincadeirinha...)

"VOCÊ VAI MAIS LONGE, QUANDO SE É APAIXONADO PELO QUE FAZ!"


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