segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Senta, que lá vem a história...

Ontem, domingo dia do leigo e da leiga, dia de Cristo Rei, fomos cutucados na homilia sobre nossa missão de batizados, se estamos deixando Cristo ser Rei em nossa vida, se somos instrumentos  para que outros conheçam a realeza de Cristo. A homilia feita na unção, tem um poder de conversão enorme. Ontem, corações foram tocados.
Fiquei muito, mas muuuuuito feliz, quando depois da celebração, fui procurada por um casal, querendo saber o que fazer para serem  catequistas.
Ficaria feliz, se tratando de qualquer pessoa, mas nesse caso, tenho motivos para estar transbordando de alegria, tanto que quero dividir um pouco  com vocês, pois não cabe em mim.
Já comentei sobre esse caso no meu ex-blog, então alguns já  o conhece, mas posto novamente, pois tenho dados novos e também porque isso pode acontecer em nossos dias.
Cerca de 10 anos, aconteceu um fato comigo na catequese que me deixou desolada, até um pouco revoltada, não pela decisão, mas pelo modo como foi conduzido o episódio.
Uma catequizanda, já nos dias dos ensaios da primeira eucaristia, foi retirada do meio do grupo, com a notícia nua e crua de que não poderia fazer a primeira eucaristia, porque a madrinha escolhida para seu batizado, não estava nos padrões que a Igreja pedia.
Na época, ainda não sabia brigar por uma situação de injustiça, só sabia chorar. Mesmo assim, conhecendo a família da menina,  também a madrinha, tentei ajudar, mas não fui ouvida, por nem um dos dois lados, nem pela coordenação e  pelo pároco na época,  que não se deram ao trabalho de chamar a mãe para conversar, nem pela mãe que não quis trocar de madrinha, já que ela tinha seus motivos.
Enfim, a garota não foi batizada e com isso não recebeu sua primeira eucaristia.
Eu, uma recém catequista, só sabia chorar e mesmo passado muitos anos, nunca me esqueci desse caso, sempre que tinha oportunidade eu vomitava toda minha revolta e tristeza  e isso a cada vez me machucava.
O tempo passou... Essa menina cresceu, quando chegou o momento da entrevista com o padre para o seu casamento, essa história veio à tona.  Quando o padre afirma que ela não era católica, ela grita: “Sou católica, sim senhor”. Mas, como, se você nem é batizada? Questiona o padre. Ela grita novamente: “Não fui batizada, não porque eu não quis, mas porque não me deixaram, fiz a catequese, minha catequista foi a Imaculada...!”
Na hora, o padre me liga, querendo confirmar a história, no que  coloquei pra fora toda minha revolta com esse caso, falei coisa que ele não precisava escutar, mas a ferida foi aberta e depois de tantos anos ela ainda sangrava...
Desliga o telefone e pergunta à ela: “Você quer ser batizada? É o seu desejo”. Ela, emocionada, diz que isso é o que ela sempre quis.
De novo, o padre me liga, dizendo: “Você está disposta a preparar de novo essa menina? Respondi gritando de alegria, que sim, que faria qualquer coisa. Tinha somente alguns dias, pois já se aproximava o casamento.
Preparei um monte de materiais que achava que precisava rever com ela, para que estudasse em casa, nos encontramos em seguida e percebi que ela estava mais que preparada.
Preparamos uma celebração linda, onde ela recebeu os sacramentos da Iniciação Cristã: batismo, crisma e eucaristia.
Presenciar aquilo, foi um presente de Deus, uma recompensa por todas as lágrimas derramadas e por ter continuado na catequese, mesmo com essa revolta no coração. Na época pensei em largar a catequese, porque essa não era o jeito de ser Igreja, que eu pensava.
E para coroar esse momento, escutei da mãe dela o seguinte: “Deus ouviu minhas orações, pedi à ele que não deixasse minha filha se casar sem receber o batismo. Deus ouviu as minhas preces...!”
Hoje, ela  tem um filhinho, o Davi, nome Bíblico.
Então, esse foi o casal que me procurou no final da missa de ontem, querendo ser catequistas. Tenho ou não motivos para estar radiante de alegria.
Quero que me entendam que não sou contra as normas da Igreja, com relação aos padrinhos de batismo, mas minha indignação foi a conduta da então coordenadora e do então pároco da época, que não tiveram um pingo de discernimento e zelo em lidar com esse caso. Vejo que cada caso é um caso, e precisa ser visto individualmente. Tudo que é bem conversado, esclarecido é mais fácil de se aceitar, não podemos tratar a ferro e fogo.
Lidamos com pessoas, que tem sentimentos, antes de tudo. Essa menina teria todos os motivos para nem passar perto de uma Igreja católica, mas teve humildade e hoje quer servir nessa mesma Igreja. Isso é lindo e serve de lição para todos nós. Ela será no que depender de mim muito bem acolhida e orientada no que for preciso.

Ahhh!! Esqueci de um detalhe, a madrinha, ela mudou, chamou sua catequista, a Imaculada... Isso não muda em nada o carinho que ela tem pela outra “madrinha”.

2 comentários:

  1. Amei a história e também que Deus ouviu as preces não só da mãe desta moça ,mais a da catequista que pelo que conheço deve ter rezado muito por ela tb. E quem é esta tal de imaculada madrinha dela vc me conta?rsrs beijos... Darlene.

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  2. Darlene!
    Essa tal Imaculada, é uma pessoa maluca, que sofre horrores por causa dessa catequese. Olha, que muitas lágrimas já rolaram nesses meus 16 anos de catequese... Fiquei de fato muito feliz com o esfecho dessa história...Foi um carinho de Deus para comigo!!

    Beijus
    Eu!!

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