A Felicidade dos pobres
Mateus 5,1-12
Jesus anuncia o Reino de Deus e parte para a ação, mostrando que a justiça do Reino liberta a todos os que estão esmagados e diminuídos pela injustiça. Ao ver isso, todos vêm ao seu encontro, pois todos estão sedentos da justiça que os levará à liberdade e à vida (5,1). Mais perto de Jesus estão os seus discípulos, aqueles que se comprometeram com sua pessoa, palavra e ação. Por que? Porque é através deles que Jesus continuará a sua presença, palavra e aação, trazendo esprança para todos aqueles que, em todos os tempos e lugares, precisam da justiça para ter liberdade e vida. Contudo, para quem é esse Reino, e quem vai ajudá-lo a se realizar?
Felizes os pobres...
Justamente o contrário do que poderíamos pensar. Jesus proclama que os pobres é que são felizes. Masoquista, irrealidade, alienação? Não. Muito pelo contrário. Com a vinda do Reino, que é a justiça que Deus quer, e nós também, todos os pobres serão libertos da escravidão e miséria em que vivem.
Mateus enumera oito bem-aventuranças, mas a primeira é a locomotiva do trem que puxa os outros sete vagões (5,3-12). Quem é que vive na aflição, é manso (porque foi amansado), tem fome e sede de justiça, sabe sofrer com os outros, tem consciência reta, procura a paz, é perseguido por buscar a justiça, é insultado; caluniado e marginaliados? É o pobre, todos os pobres do mundo, vítimas dos ricos e poderosos que não querem repartir os bens e os privilégios que Deus destinou a todos a pertencem a todos.
Os pobres têm ao seu lado Deus e Jesus, liderando-os na luta para reconquistar aquilo que lhes foi roubado. Não precisam depender da bondade e dos favores, mas apenas da justiça. E isso é o Reino. O reino já lhes pertence. Quando no mundo reina a justiça, os pobres se sentem libertos e começam a gozar a felicidade, que Deus quer para todos.
Há, porém, um tropeço. Mateus não fala apenas de pobres, mas de "pobres em espírito".E aí? O que significa isso? Não certamente os que tem inteligência curta, nem os ricos que fingem ser pobre. Pelo contrário. Mateus está falando daqueles que descobrem a sua verdadeira condição diante de Deus. De fato, para vivermos dependemos primeiro de Deus e depois de todos os outros, nossos semelhantes. Deus conosco (Emanuel) e nós todos juntos. Dependemos de relações.
Os ricos e poderosos pensam que podem comprar tudo ou conseguir tudo com o seu dinheiro e prepotência. enganam-se. Poderão ter tudo e conseguir tudo o que imaginam, mas não terão liberdade e vida, que é o que inconscientemente queriam, e acabarão frustrados.
O pobre não. Ele sabe que a vida e a liberdade dependem da partilha e da faternidade. Sabe que a felicidade está em repartir o que se tem e o que se é. Isso é a justiça que Deus quer: partilha da liberdade, para todos juntos construirmos o futuro da vida humana.
"Pobres em espírito". Porque? Mateus sabe muito bem que existem pobres que têm espírito de rico. São todos aqueles que, iludidos, pensam que serão felizes quando forem ricos, quando ganharem na loteria ou conseguirem um negócio bem lucrativo.
O psicólogo Carl Gustav Jung dizia que atrás de cada rico existe um demônio, e atrás de cada pobre existem dois.
De fato, não há nada pior que um pobre com espírito de rico. Esse tipo de pobre, quando se liberta, fica pior que os ricos que ele próprio combateu. O pobre, portanto, deve primeiro se converter, deixando para trás as ilusões do poder e da riqueza. Deve aprender a escolher a pobreza, que é a verdadeira condição do homem diante de Deus.
Deus é rico. Certo. Mas dá tudo o que tem para ser repartido entre todos nós. Ele é poderos.Certo. Mas entrega o governo do mundo e da história para todos nós, para que, juntos, construamos o futuro da vida. Essa é a justiça. Aprendendo a repartir a liberdade e a vida é que iremos construir o Reino de Deus, que é liberdade e vida para todos. Deus quer isso. E nós também. Só falta nos decidirmos e colocar nossas mãos em ação.
Fonte.: Como ler o Evangelho de Mateus - o caminho da justiça - de Ivo Storniolo Ed Paulinas.
Fonte.: Como ler o Evangelho de Mateus - o caminho da justiça - de Ivo Storniolo Ed Paulinas.
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