quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Catequese - Autores imperfeitos de obras quase perfeitas

Recebemos todos os dias, várias mensagens por email, algumas são respostas, conteúdos esperados, outros não nos dizem nada, outras tantas propagandas, mas existem algumas que recebemos que vem de encontro àquilo que estávamos precisando ouvir, isso aconteceu com essa mensagem, que muitos que passam por esse blog já leram ao receber da Rosangela, outros muitos não! Achei interessante, porque nós como catequistas pregamos que precisamos dar nosso testemunho de vida, que temos que ser quase santos, ou pelo menos é assim que as pessoas nos veêm, e automaticamente, nós nos cobramos muito e isso acaba por nos fazer querer desistir. Quando li o título dessa mensagem, ela já me disse muito: "Catequese - Autores imperfeitos de obras quase perfeitas". Coitado do catequista que se achando perfeito, se vê no direito de apontar o dedo, cuidado pois quando você aponta um dedo pra alguém, tem três apontados pra você!


Catequese - Autores imperfeitos de obras quase perfeitas 


O título é longo, mas a realidade é de fácil entendimento. Passei um tempo admirando a Pietà, a Monalisa e o Davi. Vi pessoalmente e, depois, tornei a vê-las com mais detalhes, num vídeo que adquiri sobre obras monumentais e seus autores. As obras são maravilhosas, a vida, nem tanto!
De fato, são obras que resistem ao tempo. Como aqueles artistas Michelangelo Buonarotti e Leonardo da Vinci conseguiram fazer o que fizeram, temperamentais, cheios de caprichos, disputas, invejas e ressentimentos como eram? Aí entra a obra e o autor. O autor humano nem sempre dura mais do que a sua obra, e tem manchas e rachaduras que assustam. Não, suas obras!
Deus existiu antes e durante e existirá depois do Universo, se este acabar. O ser perfeito fez uma obra imperfeita, e as faz, porque se fizesse alguma obra perfeita teria feito outro deus. Neste caso, ele não seria o Deus único, mas apenas o deus número um. Cairíamos na concepção dos gregos que, em sua mitologia, faziam de Uranos o deus número um, mas não o Deus único, nem o Todo-Poderoso. Para os gregos, o todo-poderoso era Zeus, um dos descendentes de Urano. Entre os latinos, seu nome era Júpiter.
Para os hebreus, mais tarde israelitas, e mais tarde judeus, bem como para nós, cristãos, só há um Deus. No nosso caso, dizemos que ele é um só, mas em três pessoas. Jesus é o Filho encarnado. Outras religiões nos confrontam e discordam de nós. Nós, deles. Mas um fato permanece: cremos no perfeito que criou o imperfeito, este com tendência a aperfeiçoar-se.
Já o ser humano é o imperfeito e cheio de defeitos que consegue criar algo quase sem defeitos. Isso mostra nossas contradições. Paulo, o excelente pregador, fala dessa dor que, como carvão em brasa, doeu em Isaías e Jeremias e dói fundo em cada pregador: a dor a incoerência e do sentir-se aquém da sua missão. Assim diziam Isaías, Jeremias e Paulo:
“E com a brasa tocou a minha boca, e disse: Eis que isto tocou os teus lábios; e a tua iniqüidade foi tirada, e expiado o teu pecado”. (Is 6,7.)
“Não faço o bem que quero, mas o mal que odeio... Não sou, pois eu que o faço, mas o pecado que me domina. Em minha carne não habita o bem, porque o querer o bem está em mim, mas nem sempre me vejo capaz de realizá-lo. Assim, acabo sem fazer o bem que deveria fazer, e fazendo o mal que não quero.” (Rm 7,14-19.)
Assim veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: “Antes que te formasse no ventre, te conheci, e antes que saísses da mãe, te santifiquei; às nações te dei por profeta. Então disse eu: ‘Ah, Senhor Deus! Eis que não sei falar; porque ainda sou um menino’. Mas o Senhor me disse: ‘Não digas: Eu sou um menino; porque a todos a quem eu te enviar, irás; e tudo quanto te mandar, falarás.’” (Jr 1,4-7.)
Na mística de todo pregador há que entrar esta realidade. Não somos o que pregamos. Falamos bonito, mas nem sempre vivemos bonito. Cabe aos fiéis saber a diferença entre o que ouvem e o que vêem e analisá-las. Abandonarão a fé por causa do pregador? Sua consciência o levará à decisão de ficar ou ir embora.
Jesus dá uma resposta ao dizer: “Na cadeira de Moisés estão assentados os escribas e fariseus. Todas as coisas, pois, que vos disserem que observeis, observai-as e fazei-as; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não fazem; pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com o dedo querem movê-los; e fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos homens; pois trazem largos filactérios, e alargam as franjas das suas vestes, e amam os primeiros lugares nas ceias e as primeiras cadeiras nas sinagogas, e as saudações nas praças, e o serem chamados pelos homens; Rabi, Rabi. O maior dentre vós será vosso servo”. (Mt 23,2-11.)
Pregadores que falam bonito, mas não vivem de maneira admirável são convidados à conversão. Seus ouvintes são chamados ao discernimento. Uma religião não pode se assentar sobre a pessoa do pregador. Ninguém é tão modelo de vida, que possa fazer discípulos cegamente fiéis a ele. Bom pregador é o que ensina seus fiéis a falar abertamente quando discordam dele. Quando a jovem é mandada embora da comunidade porque ousou corrigir o líder que ensina uma doutrina errada, sabemos quem está errado. Aquele que se considera inquestionável. Quem está acima da catequese está fora do catolicismo!

Fonte: Pe. Zezinho, scj texto retirado do site http://www.catolicanet.com/?system=news&action=read&id=56492&eid=301


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