domingo, 17 de janeiro de 2010

A aula que virou encontro...

Outro dia li a seguinte frase: “QUANDO MUDAMOS AQUILO EM QUE ACREDITAMOS, MUDAMOS O QUE FAZEMOS.” Fiquei pensando que nenhum catequista está na catequese para passar tempo, está ali se dedicando porque acredita no papel da evangelização(estou certa?) e se acreditamos, porque não mudarmos alguns vícios que carregamos anos a fio. Se mudamos pequenas coisas, pequenos gestos, estamos dando abertura para uma mudança maior. Recebi esse material da Rosangela de Londrina, embora muitos já tenham lido sobre o assunto, vejo que é oportuno reforçar.
Catequista com sede de mudança, será sempre um catequista renovado.
Água parada dá dengue e se não cuidada, mata!
Beijo à todos! Com carinho! Imaculada

A AULA QUE VIROU ENCONTRO


Por Pe. Paulo Pires
Assessor da Catequese
Catequese da Diocese de Nova Iguaçu
Quase todos os catequistas já sabem que não fica bem andar falando em aula na catequese. Chega a ser engraçado quando algum se distrai e usa a palavra aula para descrever alguma de suas atividades; rapidamente ele se corrige e emprega a palavra “certa”: encontro. Textos que falam em aula, caderno, lição, exercício e semelhantes são olhados como coisa antiquada, sinal claríssimo de que o seu autor está por fora do jeito atualizado de tratar. No entanto, é mais fácil mudar o rótulo do que transformar o que está por trás dele; e muitos catequistas só mudaram o vocabulário, mas continuaram fazendo o mesmo de sempre, não por má vontade, mas por porque não sabem fazer outra coisa. A palavra aula está assim desmoralizada possivelmente porque recorda um tipo de ensino rotineiro, livresco, sem vida e sem participação. Se um professor levar seus alunos ao Jardim Zoológico e a turma passar o dia fazendo observações importantíssimas sobre os animais, provavelmente a garotada chegará em casa dizendo que nesse dia “não houve aula”. Não significa que não tenham aprendido até mais do que nos outros; significa que a experiência de aprender aconteceu por outros caminhos.
Da mesma forma, dizer que na catequese em vez de aula, se tem “encontro” não quer dizer que agora vamos nos reunir só para conversa fiada e convívio e que não se tem conteúdo a aprender. Mas a mudança de vocabulário indica o desejo de fazer uma mudança de métodos, de tipo de relacionamento, de atividades e de prioridades. Talvez alguns professores muito criativos e mais apaixonados por educação até venham dizer que o que estamos propondo com o nome de encontro seja, no fundo, a boa aula que eles sonham um dia poder dar. O que seria importante num encontro catequético?

Correndo o risco de esquecer algum aspecto, poderíamos citar:
- relacionamento pessoal e caloroso, como espaço para cada um dizer o que traz no coração, o que o entristece,
- contato com a atenção amiga dos companheiros e do catequista;
- possibilidade de o catequizando relacionar sua experiência com o tema proposto, acrescentando o que a vida já lhe disse sobre o assunto debatendo, contribuindo;
- confronto da Bíblia com as experiências da vida, sejam as pessoais (contadas por quem viveu), sejam as da realidade local (colhidas no noticiário ou por observação direta); atividades concretas, de relação imediata com a vida, e não apenas exercícios do tipo escolar para fixar noções aprendidas; as atividades não precisam ter um registro escrito (mas também não é proibido que tenham, dependendo do caso, dos interesses e dos hábitos dos catequizandos);
- oração que recolha e celebre o que for discutido, aprendido, partilhado;
- experiência de solidariedade e partilha entre o próprio grupo de catequizandos e deles para a comunidade;
- sensibilização para os problemas locais que serão iluminados com a palavra de Deus e da Igreja, estimulando algum tipo de serviço a ser prestado, de acordo com a idade e a maturidade dos catequizandos.

Num sistema assim, as noções são aprendidas à medida que vão sendo vividas, discutidas, comentadas. Algumas coisas até vão ser aprendidas de cor, não porque alguém marcou lição para decorar, mas porque vão se tornando importantes e caras ao coração do grupo.


Aliás, a expressão “de cor” significa “de coração”. É de coração, por exemplo, que um torcedor do Flamengo aprende a escalação do seu time, sem nunca ter ”estudado” tal lista com o nome dos jogadores: aprende porque traz aquilo no coração, aprende de fato ver jogos, conversar sobre isso, acompanhar as notícias. Assim os catequizandos aprenderão a consultar a Bíblia, a ter familiaridade com os quatro evangelistas, a rezar as orações mais comuns. Conhecerão os Dez Mandamentos, não porque alguém explicou numa aula e mandou decorar, mas porque eles foram temas de vários encontros, nos quais cada mandamento foi discutido, aplicado à realidade, confrontando com as notícias dos jornais, analisado a partir de cenas de filmes e novelas, dramatizados, rezado, desenhado e transformado em motivo para agir. Saberão como a Igreja costuma fazer certos atos porque deles terão participado. Terão respostas para algumas questões religiosas porque estas terão sido motivo de debate no grupo.


Não se trata de uma nova técnica a ser empregada na catequese; é um novo espírito na forma de se relacionar com as pessoas e com o assunto. Exige muito do catequista? Sem dúvida! Ele precisa estar bem mais preparado, mas em compensação também vai aprender muito mais, porque “encontro” é estrada de mão dupla, onde todos aprendem com todos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário é sempre muito importante!
Não conseguiu comentar?? Calma, não saia ainda, escolha e opção ANÔNIMO e não esqueça de se identificar no final de sua mensagem!
Viu só, que fácil! Volte sempre!