domingo, 24 de outubro de 2010

Mais um mês refletindo sobre as missões! O que isso mudou em nós?

Testemunho de uma catequista, aprendiz de missionária!

Toda pastoral deveria ser uma pastoral missionária. Escutei isso no dia mundial das missões. É lindo ver a riqueza de nossa Igreja , os carismas, os dons colocados à serviço nas diversas pastorais. Estamos longe de ser a Igreja que Cristo espera. Uma Igreja, onde as pastorais, e também os sacerdotes,  entendam a importância de serem  missionários. Não generalizo, existem algumas poucas exceções.

O DA (documento de Aparecida), no parágrafo 347 diz o seguinte: "A Igreja peregrina é missionária por natureza, porque tem sua origem na missão do Filho e do Espírito Santo, segundo o desígnio do Pai". Por isso o impulso missionário é fruto necessário à vida que a Trindade comunica aos discípulos.
Nem todos tem isso em mente e coração, a partir da conscientização, é necessário a capacitação para se tornar uma pastoral missionária. Isso na prática, como funciona? Como se realiza uma visita missionária? Como chegar na família? Como abordar?  O que dizer? (Aqui na Capelinha, temos a graça de existir a escola para evangelizadores, onde os missionários são capacitados para evangelizar nas casas)

É fácil falar de Jesus? É fácil falar de Deus?
Não é tão difícil falar de Deus para nossa turma de catequese, para os pais de nossos catequizandos, para uma assembléia que  nos espera.  
Agora,  bater de porta em porta sem saber quem vai nos receber, isso não é nada fácil. E sabe porque? Qual é nosso maior empecilho,?  A vergonha! Mesmo  preparados, com tudo na ponta da língua, os passos do querigma, a passagem Bíblica... Vergonha de sermos vistos  pelos outros.  Digo isso, com propriedade, pois já sai algumas vezes fazendo missões em minha paróquia. E o sentimento que impera: é a vergonha! Depois vem o medo!

Semana passada, trabalhei com meus catequizandos "as missões", como todo mês de outubro fazemos, essa coisa mecânica. Falar e não fazer.  Jesus ensinava, fazendo...
Eu sabia que teria "missões" na paróquia por ocasião do dia nacional das missões. Então,  por impulso, resolvi convidá-los a sair nas ruas comigo, para que aprendessem na prática, como anunciar Jesus para as pessoas. Perguntei quem poderia? Poucos levantaram as mãos. Combinado então, era só esperar Sábado chegar.
Sábado chegou, fui para a Igreja no horário combinado, onde a equipe dos missionários se encontrariam para a oração e o envio.

Não apareceu nenhum catequizando, nenhum!!! Tudo bem que o tempo estava horrível, armado pra chuva. Quero acreditar que seja isso. Boba eu neh!
Enfim, fiquei decepcionada, mas já estava ali, não iria embora. Mas, confesso que pensei! E será que estaria  ali, senão tivesse combinado com meus catequizandos? Catequista missionária? Quem sabe um dia! Visito as famílias dos catequizandos que se inscreveram na catequese, com data e horário marcado. Nem sei se isso pode ser chamada de uma visita missionária. Cômodo demais, ir onde já somos esperados, catequizar quem vem até nós, falar para um grupo de catequistas e pais  que já nos esperam.

Entrei para Igreja e fiquei observando aquelas pessoas que a todo mês se dispõe a sair batendo de porta em porta, evangelizando numa tarde de sábado, sempre os mesmos. Onde estão as centenas de pessoas de todas as pastorais que fizeram a escola de evangelização se preparando para serem missionários. Com certeza, estão como eu, fugindo, acomodados em alguma pastoral, resmungando, achando que estão fazendo muito.

Rezamos, fomos enviados, saímos de dois em dois com o  mapa nas mãos.
Olha gente! Não é fácil, dá uma vontade de fugir,   de dizer que não achamos ninguém em casa,  de fazer como Jonas, ir para o lado contrário!
Não dava mais pra correr, chegamos ao destino, a  primeira casa, o coração quase saia pela boca. A  primeira  não nos recebeu, era uma mocinha que dizia estar com sua amiga e não queria nos escutar, enfim não queria escutar nada sobre Deus. Não insistimos, a abençoamos e partimos pra segunda, que estava saindo de casa e ficou para próxima vez, nem ao menos nos perguntou do que se tratava, mas vendo que estávamos com a Bíblia nas mãos, não manifestou nenhum desejo de nos escutar. E por aí vai. O medo, aumentando em cada casa. Até que fomos recebidos por um senhor de quase 80 anos, viúvo, sozinho,  nos recebeu com muita alegria, acho que seria legal ter duas pessoas para conversar por alguns minutos. Entramos, sentamos, anunciamos. Mais ouvimos que falamos. As pessoas tem necessidade de falar, querem ser escutadas. O medo? Que medo! já não existe mais, foi exterminado, depois que colocamos os pés pra dentro daquela casa. É impressionante, como ganhamos força, alegria, disposição.

Enfim, conseguimos anunciar em três famílias. Aconteceu conosco uma exceção: Nas três casas, encontramos pessoas evangelizadas, atuantes.  Coincidência ou não, na primeira casa, o Senhor enquanto falava, nos mostrava a foto de uma neta que foi catequista, sua nora é catequista aqui na paróquia. Eu, estava me sentindo em casa. A segunda casa, uma senhora nos acolheu muito bem, nos contava que participa a oito anos do apostolado da oração, dizia que  foi catequista por muito tempo, catequizou os nove filhos. Na terceira casa, os casal são pais de uma outra catequista, também aqui da paróquia.
Nessas três casas, a preocupação dos moradores era uma só: as eleições.
Conversamos, rezamos,  já que eram pessoas atuantes, conscientes, pedi que rezassem por todos os missionários, se possível fizessem jejum no dia das eleições. Acho que é isso que nos falta, rezar mais e reclamar menos de nossos candidatos. Acreditar na intervenção de Deus que ouve nossas preces.

Ser missionário... falar é muito fácil, fazer missões nem tanto, mas  uma coisa garanto pra vocês, é maravilhoso, gratificante quando conseguimos romper com o medo que nos paralisa, quando nos deixamos ser instrumento, deixando Cristo visitar as famílias através de nós. Recomendo que cada catequista passe por essa experiência. Comece visitando seus catequizandos, quando você perceber estará sendo um missionário de fato.

Eu, de minha parte,  vou me esforçar para participar mais dos mutirões que acontecem todo mês na minha paróquia. Tenho vontade de fazer missões em Lábrea, mas não tenho feito isso nem na minha comunidade! Se todos os missionários doassem um pouco do seu tempo, teríamos uma comunidade mais evangelizada.

É dificil sair para fazer missões em lugares distantes, mas é possível  evangelizar  as pessoas que moram na nossa rua! A realidade? Mal cumprimentamos nossos vizinhos...
A vergonha que deveríamos ter, é de sermos cristãos acomodados ao nosso mundinho...


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