Um menino vivia dizendo a respeito de um colega:
“Desejo tudo de ruim para ele. Quero matar esse cara! Eu o odeio! É um falso, um cínico, dissimulado, traíra!”.
Seu pai, um homem simples, mas cheio de sabedoria, escuta calmamente o filho que continua a reclamar:
- O Juca me humilhou na frente dos meus amigos e ainda por cima colocou eles contra mim! Não aceito isso!
- Gostaria que ele ficasse doente sem poder ir à escola.
O pai escuta tudo calado enquanto caminha até um abrigo onde guardava um saco cheio de carvão. Levou o saco até o fundo do quintal e o menino o acompanhou calado.
Zeca vê o saco ser aberto e antes mesmo que ele pudesse fazer uma pergunta, o pai lhe propõe algo:
- Filho, faça de conta que aquela camisa branquinha que está secando no varal é o seu amigo Juca, e cada pedaço de carvão é um mau pensamento seu, endereçado a ele. Quero que você jogue todo o carvão do saco na camisa, até o último pedaço. Depois eu volto para ver como ficou. O menino achou que seria uma brincadeira divertida e pôs mãos à obra. O varal com a camisa estava longe do menino e poucos pedaços acertavam o alvo. Uma hora se passou e o menino terminou a tarefa.
O pai que espiava tudo de longe se aproxima do menino e lhe pergunta:
- Filho, como está se sentindo agora?
- Estou cansado, mas estou alegre porque acertei muitos pedaços de carvão na camisa.
O pai olha para o menino, que fica sem entender a razão daquela brincadeira, e lhe fala com carinho:
- Venha comigo até o meu quarto, quero lhe mostrar uma coisa.
O filho acompanha o pai até o quarto e é colocado na frente de um grande espelho onde pode ver seu corpo todo.
Que susto! Só se conseguia enxergar seus dentes e os olhinhos.
O pai, então, lhe diz ternamente:
- Filho, você viu que a camisa quase não sujou; mas, olhe só para você! O mal que desejamos aos outros é como o que lhe aconteceu. Por isso, antes que possamos atrapalhar a vida de alguém com nossos pensamentos, saibamos que a mágoa e o rancor e outros sentimentos ruins ficam sempre em nós mesmos.
Cuidado com seus pensamentos; eles se transformam em palavras;
Cuidado com suas palavras; elas se transformam em ações;
Cuidado com suas ações; elas se transformam em hábitos;
Cuidado com seus hábitos; eles moldam o seu caráter;
Cuidado com seu caráter; ele controla o seu destino.
**Ontem na missa com crianças, achei interessante a maneira com que o padre conduziu a homilia para falar sobre o "pecado". Ele começou dizendo que se falasse numa linguagem para os adultos, que os pequenos não entenderiam, mas que se falasse numa linguagem para os pequenos, que os adultos entenderiam. E assim fez, e com certeza pela expressão dos adultos, todos gostaram muito. Enquanto falava sobre o evangelho, comparava nossa atitude mediante o pecador, pegou um saco preto cheio de lixo, colocou nas costas e assim ia explicando como agimos com relação ao pecado. Que muitas vezes o pecado que acusamos no outro é o pecado que temos dificuldade em aceitar em nós mesmos. E que é fácil jogar lixo nos outros, porque nosso saco colocado nas costas, nos impossibilita de ver nosso próprio lixo e saimos p0r aí espalhando lixo por onde passamos. Gosto disso, dessa linguagem simples e clara. Deus é simples, nós é que complicamos as coisas! Quem não tem pecado que atire a primeira pedra! Não jogue lixo nos outros, quando tem um saco cheio nas suas costas!
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