segunda-feira, 22 de março de 2010

Meu pai, meu primeiro catequista


Hoje, lendo sobre a necessidade da catequese nas famílias, constato que essa referência  das coisas de Deus nas famílias atuais está cada vez mais raro, cabendo a nós os catequistas educar a criança na fé, começando pelo beaba mesmo.

Temos que nos sentir incomodados, precisamos tentar reverter essa situação, mostrando aos pais que as coisas não são bem assim! Isso se fará com um trabalho de conscientização, de catequese com as famílias, lembrando-os qual  o papel principal de uma família, que não é simplesmente suprir de coisas materiais, mas de formar filhos cristãos...

Tive vontade de republicar esse post que estava no meu antigo blog, pra quem está chegando agora na minha vida, tem aí um pouco de mim, um pouco de quem foi meu pai... Saudade muita !

Essa imagem que escolhi para ilustrar, é bem o que guardo dos meus pais, pessoas simples, porém, guerreiras em todo sentido, pessoas tementes a Deus, pessoas que na simplicidade, na luta diária, no trabalho da terra, deixaram que a Palavra de Deus fosse o sustentáculo dessa grande família.

Nesses últimos dias, tenho feito vários encontros com pais de nossa catequese. E quando me dirijo a eles, falo da experiência que tive com meu pai, da maneira com que nos criou, eu e meus 09 irmãos. Já se passaram 20 anos de sua morte e ainda hoje sua presença é muita viva e mais viva ainda são seus ensinamentos. Isso me dá uma grande saudade, que manifesto nesse texto.
Falo dele com muito orgulho, pois se estou aqui escrevendo essas linhas, devo a ele, pois disse SIM a vida por 10 vezes e me permitiu nascer, sendo a sétima filha. Se fosse hoje, com certeza eu estaria só nos planos de Deus. 10, 09, 08, 07, 06, 05 filhos é loucura ou coisa de família sem nenhuma estrutura. Assim pensam as famílias modernas, os mais loucos e corajosos tem 03 filhos. 
 
Dizem que filho de peixe, peixinho é, eu diria que filho de catequista, catequista é. Meu pai foi um grande catequista, quando pequenos morávamos na roça, tínhamos o necessário para sobreviver, o alimento tínhamos com fartura, alimento que ele mesmo plantava e colhia. Nunca se descuidou de nossa formação cristã e também preparava todas as crianças e adultos daquela redondeza para receberem os sacramentos. Nossa casa servia de abrigo para os missionários que raramente passavam por ali. Onde havia conflitos familiares, ele era chamado a levar a paz, anunciando o evangelho.
Cresci vendo tudo isso acontecer, ele, mesmo sem estudos, falava com sabedoria das coisas de Deus, palavras por ele proclamadas que ressoam até hoje no meu coração.
Lembro como se fosse hoje de sua voz e de seus olhos azuis que nos olhava e dizia: “ O mal existe sim, mas ele só tem poder se você der poder à ele. Deus sim é poderoso...” e dizia que quem confiasse em Deus, nada devia temer. Ou dizia, “nunca diga que adora as coisas ou as pessoas, pois devemos adorar somente a Deus, somente a Deus”, fazia questão de repetir.

Falava com tanta segurança, que nunca duvidei de minha fé, nunca tive medo de nada e nem de ninguém, tive a melhor das infâncias, criada em meio a natureza, nadando nos córregos, andando a cavalo, subindo em árvores, fazendo todas as estripulias que um bando de crianças juntas poderiam fazer, pois éramos cinco irmãos com idade bem próximas e tínhamos todo espaço necessário para extravasar nossas energias.

Claro que brigávamos muito também, só não me lembro se eu era a mais enguiçada, mas a mais emburrada eu era com certeza.
Poderia escrever um livro: “memórias e ensinamentos de João Ferreira Cintra”,  mas tudo está gravado em meu coração e nada apagará.
Ele teve uma das mortes mais lindas, eu diria a mais linda, pois nunca soube de alguém que tenha morrido no altar enquanto proclamava a Palavra de Deus durante a missa. Assim foi seu encontro com Deus e isso para mim é motivo de muita alegria. Até falando de sua morte, falo com orgulho.
Acredito que essa é minha missão maior na catequese, fazer com que os pais tenham consciência de que são os primeiros catequistas de seus filhos e que assumam a responsabilidade na educação da fé dessas crianças. Quero fazer tudo que estiver a meu alcance para acordar esses pais que parecem estar adormecidos.

E isso não é discurso político, mas sim meu compromisso com a catequese e com minha comunidade.
Queridos, obrigada por me ouvir e manifestar toda saudade que sinto do meu pai. Que ele junto de Deus interceda por cada um de nós catequistas.
Beijos!!
Imaculada Cintra

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