sexta-feira, 4 de março de 2011

Perspectivas de um Bispo missionário

  Dom Antônio Possamai

Iniciação à vida cristã
Não sou especialista em catequética. Apenas tenho algumas convicções que se baseiam na leitura que faço da história atual da nossa Igreja. Ao longo da minha vida pastoral tentei algumas experiências no sentido de dar outra direção no processo de educação na fé, valorizando a iniciação cristã. Estas experiências nem sempre tiveram tanto êxito, mas algumas foram promissoras e gratificantes.

Continuo alimentando a esperança de que um dia acontecerá uma total virada na condução do processo de acolhida e introdução do povo na nossa Igreja, bem como no processo de educação da fé.

UM POUCO DA REALIDADE
Muito se tem escrito sobe o tema da IC nestes últimos anos. O DNC dedica bom espaço para o tema. Entretanto, a caminhada vai prosseguindo muito lentamente. Nossa Igreja do Brasil continua teimando em acreditar numa história que comprovadamente não tem dado certo. Falta coragem eclesial para dar uma virada.

Teima na prática de catequeses pontuais, em vista dos sacramentos; não em vista da vida cristã, da união entre fé e vida.

Até mesmo a cúpula da Igreja se preocupa muito mais com dados estatísticos do que com a qualidade dos católicos, embora o Magistério da Igreja seja insistente no apontar a necessidade de fé mais comprometida com a vida. Evangelli Nuntiandi poderia ter sido o grande passo para esta mudança. Este documento reprova uma catequese de tipo “verniz superficial”.

Tomo a liberdade de citar alguns exemplos do nosso tradicional comportamento nesse campo, comportamento muito distante de uma iniciação cristã: continuamos batizando crianças sem nos preocuparmos se há condições para entender que o Batismo deve ser uma resposta a um chamado e sem entender o alcance e as consequências deste sacramento: continuamos com a “catequese” de primeira Eucaristia e só, sem estarmos atentos ao “antes” e ao “depois”, embora bastante atentos ao “dia”: roupa, filmagens, fotografias, um pouco de atenção à liturgia, à festa na família e outros detalhes. O “antes”é a vida familiar, social, eclesial do candidato. O “depois” é a caminhada do eucaristizado dentro da comunidade.

Idem para a catequese de crisma. Crisma-se quando o candidato concluiu o programa e, normalmente, baseados unicamente no testemunho do catequista, excluída a comunidade que não acompanhou o candidato na sua caminhada eclesial e social. Quase nenhuma catequese para o Sacramento do Matrimônio, para os poucos que ainda procuram este sacramento. Enfim, falta-nos a visão e o compromisso de “educar para viver a fé”, educação que se projete em todas as circunstâncias da vida: familiar, eclesial, social, empresarial, política, jurídica, etc. e que estenda para toda a vida.

Fica então bem claro que dá para entender porque temos um catolicismo tão insignificante e tão dividido. Vejamos alguns exemplos: como no queixarmos de que não temos vocações para os mais diversos ministérios consagrados ou leigos na Igreja se não fornecermos aos nosso católicos uma iniciação cristã que os leve a um encontro e a uma iniciação cristã que os leve a um encontro e a uma decisão pessoal com Cristo e com sua Igreja? Como nos queixarmos de que tenhamos tantos governantes dos três poderes constitucionais, tantos empresários tão injustos e tão corruptos se não os educamos na fé? Como nos queixarmos de que não os educamos na fé? Como nos queixarmos de nossa juventude e nossos casais não valorizam o Sacramento do Matrimônio, e a família vai desmoronando?

O que é que nos preocupa como missionários? O número ou a qualidade dos cristãos católicos?

IC - Iniciação Cristã
DNC - Diretório Nacional de Catequese
Fonte: Revista Catequese nº 132-outubro-dezembro 2010

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