Outro dia conversava com uma pessoa que havia acabado de perder seu pai. Ela queria ouvir alguma coisa que aliviasse o que ela estava sentindo e percebi que ela tinha dúvidas sobre o que acontece depois da morte. Essas dúvidas tinha um porque, ou vários porques. Foi criada numa família espírita, tem irmãs que acredita que a pessoa depois que morre, fica dormindo. Foi quando, me lembrei de umas coisas que li a muito tempo sobre a doutrina do purgatório, e fui falando no que nós católicos acreditamos. Hoje, vasculhando meus livros, folheando um e outro, não é que encontrei o que havia lido a alguns anos atrás... ( Escola de fé - sagrada Tradição - de Felipe Aquino)
Vou postar, pois vejo que esse é um assunto que todo catequista deve dominar, sendo que não é fácil falar do pós morte...
A Doutrina do purgatório
Desde os primórdios a Igreja, assistida pelo Espírito Santo (cf. Mt 28,20; Jo 14,15.25; 16,12-13), acredita na purificação da almas após a morte, e chama este estado, não de lugar, de Purgatório.
Ao nos ensinar sobre esta matéria, diz o nosso Catecismo:
“Aqueles que morrem na graça e na amizade de Deus, mas imperfeitamente purificados, estão certos da sua salvação eterna, todavia sofrem uma purificação após a morte, a fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do céu”. (CIC,§1030)
Logo, as almas do Purgatório “estão certas da salvação eterna”, e isto lhes dá grande paz e alegria.
Falando sobre isso, disse o Papa João II:
“Mesmo que a alma tenha de sujeitar-se, naquela passagem para o céu, à purificação das últimas escórias, mediante o Purgatório, ela já está cheia de luz, de certeza, de alegria, porque sabe que pertence para sempre ao seu Deus.”
Todo homem foi criado para participar da felicidade plena de Deus (cf.CIC§1), e gozar de sua visão face-a-face. Mas, como Deus é “Três vezes Santo”, como disse o Papa Paulo VI, e como viu o profeta Isaías(Is 6,8), não pode entrar em comunhão perfeita com Ele quem ainda tem resquícios de pecado na alma. A carta aos Hebreus diz que: “sem a santidade ninguém pode ver a Deus” (Hb 12,14). Então, a misericórdia de Deus dá-nos a oportunidade de purificação mesmo após a morte. Entenda, então, que o purgatório, longe de ser castigo de Deus, é graça da sua misericórdia paterna.
O ser humano carrega consigo uma certa desordem interior, que deveria extirpar nesta vida; mas quando não consegue, isto leva-o a cair novamente nas mesmas faltas.
Ao confessar recebemos o perdão dos pecados; mas, infelizmente, para a maioria, a contrição ainda encontra resistência em seu íntimo, de modo que a desordem, a verdadeira raiz do pecado, não é totalmente extirpada. No purgatório essa desrodem interior é totalmente destruída, e a alma chega à santidade perfeita, podendo entrar na comunhão plena com Deus, pois, com amor intenso a Ele, rejeita todo pecado.
O purgatório não é de fogo terreno, já que a alma, sendo espiritual, não pode ser atingida por esse fogo. No purgatório a alma vê com toda clareza a sua vida tíbia na terra, o seu amor insuficiente a Deus. Neste estado, a alma se arrepende até o extremo de suas negligências durante esta vida; e o amor a Deus extingue nela os afetos desregrados, de modo que ela se purifica. Desta forma, a alma sofre por ter sido negligente, e por atrasar assim, por culpa própria, o seu encontro definitivo com Deus. É um sofrimento nobre e espontâneo, inspirado pelo amor de Deus e horror ao pecado.
Pensamentos consoladores sobre o Purgatório
O grande doutor da igreja São Francisco de Sales (1567-1655) tem um ensinamento maravilhoso sobre o purgatório. Ele ensinava, já na Idade Média, que “é preciso tirar mais consolação do que temor do pensamento do Purgatório”. Eis o que ele nos diz:
1- As almas ali vivem uma contínua união com Deus.
2- Estão perfeitamente conformadas com a vontade de Deus. Só querem o que Deus quer. Se lhes fosse aberto o Paraíso, prefeririam precipitar-se no inferno a apresentar-se manchadas diante de Deus.
3- Purificam-se voluntariamente, amorosamente, porque assim o quer Deus.
4- Querem permanecer na forma que agrada a Deus e por todo o tempo que for da vontade Dele.
5- São invencíveis na prova e não podem ter um movimento sequer de impaciência, nem cometer qualquer imperfeição.
6- Amam mais a Deus do que a si próprias, com amor simples, puro e desinteressado.
7- São consolados pelos anjos.
8- Estão certas da sua salvação, com uma esperança inigualável.
9- As suas amarguras são aliviadas por uma paz profunda.
10- Se é infernal a dor que sofrem, a caridade derrama-lhes no coração inefável ternura, a caridade que é mais forte do que a morte e mais poderosa que o inferno.
11- O Purgatório é um feliz estado, mais desejável que temível, porque as chamas que lá existem são chamas de amor.
(Extraído do livro O breviário da Confiança, de Mons. Ascânio Brandão, 4ª. Ed.editora rosário, Curitiba, 1981)
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