Evangelho dá azia em estômago vazio!

Eis, que vos trago uma boa nova... Quando  fiz esse relato, fiz com certa tristeza, mas hoje uma dessas crianças, o Pablo está participando da catequese, faz parte do grupo, é extremamente carinhoso, estou super feliz por ter conseguido levar um deles pra catequese e tenho certeza que farei a diferença na vida desse garoto. Será que não voltei pra sala depois de quatro anos por causa dele. Deus e seus mistérios! Beijo e um bom domingo à todos...

Evangelho dá azia em estômago vazio!

Depois de quatro anos, tenho uma turma de catequese, sou catequista de novo, não que com a coordenação eu não fosse, mas não me sentia, via e convivia com centenas de crianças, mas não era responsável diretamente por nenhuma. Isso me fazia muita falta. Gritei: “Me deixem ser catequista, eu preciso disso!”. Só não disse que era caso de vida ou morte porque seria um exagero, mas que estava me sentindo meio mortinha, estava.

Enfim, estou com minha turma, linda! Vou dar tudo de mim para torná-los cristãos, quem sabe, não continuo com eles até a crisma.

Por outro lado, estou triste, frustrada, pois o motivo maior porque peguei uma turma nesse ano não aconteceu. Sabe, aquelas crianças que estou tentando um tempão levá-los pra catequese? Aquelas que ficam na rua, olhando os carros e pedindo dinheiro. Então, não foram, um deles foi um dia só. Converso com eles toda semana na porta da Igreja, vejo neles o desejo de ir na catequese, mas vejo também que não se sentem como parte integrante da comunidade, falo, incentivo, fazemos promessas, selamos um pacto, até acho que na próxima semana eles vão aparecer, e nada! Não aparecem, fico triste, pois ainda não descobri uma maneira de trazê-los, gostam de mim, me respeitam, mas isso não foi suficiente.
Até já disse, um pouco revoltada que vou largá-los, não vou insistir numa coisa que eles não querem! Mas é tudo da boca pra fora, quando chego na porta da Capelinha e todos vem ao meu encontro, me abraça, me beija, volto à estaca zero, preciso continuar tentando, preciso descobrir uma maneira de catequizá-los. E se a catequese for a chance de salvação dessas crianças? E se eu fui escolhida, não posso me omitir.

Essas crianças não saem da minha cabeça, do meu coração, durmo pensando nelas, acordo pensando nelas, e hoje pela manhã, lendo um livro que comprei sobre catequese, “Catequese hoje”, da Paulus, lia um artigo que dizia: Como levar a catequese às crianças de rua? Respondi pra mim mesma: “ Mas, essa é a pergunta que venho me fazendo, a pergunta eu já tenho, quero a resposta.”

No texto, fala que o catequista precisa abandonar seus preconceitos em relação a essas crianças. Tá! Preconceito, não tenho, converso, beijo, abraço, faço carinho. O que mais? E o texto prossegue...

Que seus olhos estejam abertos para enxergar o pequeno ser humano abandonado, a quem faltam condições materiais e afetivas de sobrevivência...“Tudo bem, enxergo isso faz tempo e sei que posso fazer mais.” E o texto continua... Evangelho dá azia em estômago vazio! Puxa!! quando li isso, me deu um choque, nunca li algo com essa palavras. Prosseguia...A catequese deve vir acompanhada de partilha e que a acolhida e a convivência são as duas atitudes básicas nesses casos. E que acolher quer dizer: ir em busca, aceitar essas crianças e amá-las a partir de sua realidade. Para realizar isso, é preciso conviver com elas, conhecer seus dramas e anseios, iluminar as suas histórias com a certeza da presença e do amor do Deus da vida. Isso exigirá um trabalho efetivo que empenhe esforços do catequista e das crianças para a promoção humana, para a defesa da vida e para a transformação da sua realidade.

Ta! Eu sei de tudo isso, mas como vou fazer isso se não tenho como catequizá-los, como? Eu quero saber como? Pode me responder? Eu , brigando com Deus, às 06h30 da manhã, me diga o que queres que eu faça? O que?

E na sua comunidade, existe a inclusão de crianças carentes?