Desistir? Será a melhor escolha?

A realidade postada abaixo é de uma catequista de ALGURES-PORTUGAL, de um blog que acompanho e gosto muito pela maneira com  que o autor descreve suas experiências do dia-a-dia... Nesse post, me vi na pele dessa catequista, tanto que comecei a rir e fui logo pensando em quantas "Lucindas" temos por esse mundo afora... Me vi nessa situação no meu último encontro, quando fiz uma pergunta óbvia aos meus catequizandos e eles ficaram a ver navios... Me senti a pior de todas as catequistas... Me excedi naquele dia,  depois da decepção, respirei e começamos a leitura da passagem de Emaús...
 A cada Versículo, eu tentava explicar, tentava colocá-los na caminhada juntos àqueles discípulos, fiz com maior paciência, tentando me enganar que alguém estivesse ouvindo alguma coisa, até  que cheguei no versículo que dizia: "Não ardia nosso coração quando ele falava e explicava as escrituras? "... Nesse momento, eu percebi que nenhum dos corações ali presentes naquela sala ardia... Foi então que vi que não dava pra continuar, porque não tinha ninguém no caminho... Parei, olhei pra cada um, mudei num impulso a entonação de minha voz, minha vontade era de gritar, e meu coração de fato gritava: "Então, tem algum coração ardendo aqui? Não neh! Vocês sabem porque só aparece o nome de um dos discípulos nessa passagem? sabem? Porque o outro discípulo somos nós.  E o que vocês querem? Que Jesus se faça presente aqui em carne e osso e parta o pão para que você o reconheçam? Querem? Ele já faz isso em toda celebração, em toda missa e vocês o que fazem? Vão ao banheiro, vão tomar água, trocam recadinhos, conversam, isso quando vão a missa... Chega, estou aqui feito boba, tentando passar alguma coisa pra vocês, mas vocês pelo jeito não estão vindo na catequese querendo conhecer esse Jesus... Me desculpem, estou sendo chata eu sei, mas me respondam, estou errada? Me respondam? Estou errada em pedir um pouco de atenção? Estou? Não, não está, responderam com olhos arregalados...
Gente, nunca agi assim, mas precisavam ser acordados, já receberam a primeira, a segunda  comunhão, é hora de viver esse mistério e estão como se nada tivesse acontecido...
Fui chata eu sei que fui, mas não me contive, me exaltei... Errei, talvez! Mas foi preciso!
Então, quando eu li esse relato, me identifiquei muito com ele, e partilho com vocês...
Beijo Grande, que Deus nos faça fortes para que nunca nem nos passe pela cabeça em desistir de nossa missão, porque a coisa tá feia...
Ser catequista hoje é um verdadeiro desafio... Só por Deus mesmo!!
Imaculada


A catequista Lucinda

A Lucinda é minha catequista há dois anos. É muito simpática. Autêntica. Exigente. Exigente com os miúdos, e por isso acha que eles não querem nada. Exigente consigo mesma, e por isso acha que não é boa catequista. Exigente com a catequese, e por isso acha que o que faz não dá frutos. Exigente com a vida, e por isso há dois anos que tenta resistir ao chamamento de Deus para ser catequista. Para continuar a ser catequista. Já por umas quatro vezes que pensou desistir. Por quatro vezes chegou à conclusão que não podia fazê-lo. As últimas desculpas que deu foram o tempo que retirava à família, ao lar, aos seus, e dizia-me, para se ouvir, que Deus não deve querer isso. Estava, portanto, decidida a deixar a catequese do próximo ano lectivo. Mas ontem ainda era este ano, e teve catequese com os seus meninos do primeiro ano. Falaram do Espírito Santo, e ela incentivou os miúdos a pedir ao Espírito Santo que os ajudasse a fazer algo. Um pediu que o ajudasse a fazer o TPC. Outro que o ajudasse a não cair. Outros foram por aí fora com pedidos do mesmo género. Porém, a Teresa disse: Ajuda-me a ser consagrada. E a Marília disse: Ajuda-me a ser santa. Foi nesse preciso momento que a Lucinda teve a noção exacta do seu papel na Catequese. Ela é catequista, e tem de participar nisto. Tem de ouvir e ver estes pequeninos amigos de Jesus. Contou-me estas coisas banhada em lágrimas minúsculas, como pontinhos de luz. Deus tem um sentido de humor incrível. Quando pensamos que temos as respostas, as certezas, Ele mostra-nos algo maior.
(Fonte)