terça-feira, 5 de abril de 2016

Mistagogia, do visível ao invisível!

Pra quem está dando alguns passos rumo a catequese de inspiração catecumenal, sugiro que leia com carinho esse texto, para que  compreenda a importância de se viver esse tempo da mistagogia no processo da Iniciação cristã.
O sonho de toda paróquia que está tentando trabalhar esse processo catecumenal é que tenhamos coordenadores, catequistas mistagogos... Pra isso, precisamos nos formar, estudar, ler para depois SER...
Aqui na minha paróquia, desde 2009, estamos dando pequenos passos e até hoje, em 2016, ainda estamos nos adequando, aparando as arestas. É um processo penoso, pois não é fácil a mudança de mentalidade.
Parece coisa fácil quando lemos: "A catequese não prepara simplesmente para este ou aquele sacramento. O sacramento é uma consequência de uma adesão à proposta do Reino, vivida na Igreja.' (DNC, n.84)
 
Principalmente quem trabalha com a idade infantil é preciso estar convictos disso, investir todas suas energias para que ao longo de todo processo, esses catequizandos e famílias entendam que a eucaristia não é a meta, mas  consequência.  Só quem está com a mão na massa para entender como é difícil que  isso aconteça na prática. 
Então, entra ano e sai ano e estamos nesse vai e vem, tentando nos aproximar um pouquinho, mas muito pouquinho mesmo da catequese de inspiração catecumenal. 
Precisamos bater na mesma tecla com nossos catequistas para que entendendo, se tornem de fato catequistas mistagogos.

  Mistagogia..."Agora, no tempo pascal, os neófitos(recém batizados), ajudados pela comunidade dos fiéis, e através da meditação do Evangelho, da catequese, da experiência sacramental e do exercício da caridade, aprofundam os mistérios celebrados. Mais que um tempo específico da iniciação cristã, a mistagogia torna-se um método de estudo e aprofundamento dos sacramentos. Fazer com que os que recebam os sacramentos passem pelo sinal visível do sacramento  ao mistério de graça no qual são portadores.

Os sinais sacramentais celebrados na liturgia nos possibilitam alcançar as realidades de nossa fé. Há necessidade de o mistério se apresentar de forma acessível aos nossos sentidos e, de outra parte, há a necessidade de continuamente apontarmos ao mistério para o sacramento ter razão de ser. Passamos dos sacramentos aos mistérios, ou seja, partimos do visível para o invisível, do sinal sacramental: água, luz, pão e vinho... para o mistério da salvação: água viva, luz do mundo, pão do céu, enfim, para a vida eterna.

Os sentidos captam somente a figura exterior dos mistérios - o banho d'água, a unção com óleo, o banquete eucarístico -, porém o decisivo é a graça. Efetivamente, o rito visto somente de fora não oferece automaticamente o significado de que é portador. Esse significado deve ser descoberto, revelado pela Palavra, pela catequese. Mais ainda, deve ser professado pela fé. A fé move as pessoas pela estrada que conduz ao mistério de Deus. 

Santo Ambrósio, ao fazer a homilia no tempo pascal sobre os sacramentos na presença dos recém-batizados, preocupa-se de que estes não se decepcionem diante da pobreza aparente dos símbolos celebrados. "Entraste. Viste a água. Viste o Bispo. Viste o levita. Alguns talvez digam: é só isso?" como tudo era sigiloso, eles esperaram mais de dois anos para serem batizados e, depois, encontraram ali apenas a pequena fonte e o presbítero. "Viste o levita, viste o sacerdote- não considere seu aspecto exterior, mas a graça de seu mistério -, pondera o exercício de sua função e reconhece sua dignidade. 

Santo Ambrósio não hesita em afirmar que o eleito, ao entrar no batistério, não viu apenas a água, convida-o a meditar na ação do espírito: sobre a água na criação do mundo; no dilúvio, quando a pomba retorna com o ramo de oliveira; ou mesmo no Mar Vermelho, quando o espírito foi enviado e o perseguidor foi tragado pelas águas. Assim, não há porque deixar de acreditar que o sacramento opera além daquilo que os sentidos apresentam. "Não dês fé unicamente aos olhos de teu corpo. Melhor se vê o que é invisível. O primeiro é temporal, enquanto o invisível é eterno. Melhor se enxerga o que não se abarca com os olhos, mas se divisa pelo espírito e pela alma. A condição humana marcada pelo pecado possibilita ver, com os olhos da carne, somente o que é temporal.
 
A experiência de enxergar para além daquilo que os olhos podem captar está continuamente na amplitude da capacidade de nosso conhecimento. Hoje, falamos de inteligência múltipla, de teoria molecular, ou então exaltamos as intuições de nossos sentimentos. Enfim, não nos restringimos aos limites da razão e dos nossos sentidos, assim como nos diz a canção: "Que a vida não é só isso que se v~e/ É um pouco mais/ Que os olhos não conseguem perceber/ E as mãos não ousam tocar/ E os pés recusam pisar/ sei lá. não sei..." 

Deixo aqui, a dica de leitura, essa obra maravilhosa, de onde capturei esse texto
  

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