Um amigo me fez a seguinte pergunta:
Você diz aos seus catequizandos que eles são OBRIGADOS" a participarem da missa?
NÃO! Não digo, porque não são obrigados. Com mais de vinte anos na catequese, confesso que já fiz isso e usei até de chantagens, porém, hoje entendo e prefiro trabalhar com eles a conscientização da importância da missa, dar motivos, passar minha experiência de fé.
Cresci ouvindo do meu pai que uma das "obrigações" do cristão é participar da missa. Precisamos entender o sentido dessa palavra "obrigação" para que ela não seja vista como um fardo.
Cresci ouvindo do meu pai que uma das "obrigações" do cristão é participar da missa. Precisamos entender o sentido dessa palavra "obrigação" para que ela não seja vista como um fardo.
Aqui na minha paróquia, graças a Deus não usamos já tem um bom tempo o tal "cartão de assinatura de presença nas missas", pois se veem obrigados a ir para assinar o tal cartão e uma vez recebido a Primeira Eucaristia, não precisará mais do cartão e nem da missa.
Por outro lado, ficamos frustrados ao perceber que muitos de nossos catequizandos prestes a receber sua Primeira Eucaristia ainda não participam das missas dominicais. Nos esquecemos que o sacramento acontece num determinado tempo do processo catequético, que necessariamente não precisam ou são obrigados a estarem prontos nesse tempo. Nos esquecemos que o processo de amadurecimento na fé continua.
O que precisamos de verdade é fazer um trabalho de conscientização bem feita, sobretudo, sabendo aproveitar as oportunidades que temos com os pais para despertar neles essa responsabilidade de pegar nas mãos de seus filhos e mostrar o caminho, e mais, fazer o caminho com eles, isso significa que não basta o pai ou mãe despejar seu filho na porta da Igreja e voltar quando a missa acabar.
Façamos bem nossa parte e durmamos com nossa consciência tranquila, em paz.
Lendo um pequeno livro: "AS EXCELÊNCIAS DA SANTA MISSA', chamou-me a atenção uma parte que fala o seguinte: "Somente no céu iremos compreender que divina maravilha é a Santa Missa. Por mais que nos esforçamos, e por santos e inspirados que sejamos, nada mais podemos fazer, a não ser balbuciar pobres palavras como as crianças, se quisermos falar sobre esta obra divina, que está acima da compreensão dos homens e dos Anjos."
Partilho com vocês esse material do padre Fábio de Melo que com leveza trata desse assunto.
Quando a missa se torna uma obrigação!
A pergunta
O menino chegou e perguntou-me: “Padre, eu sou obrigado ir à Missa?”.
Olhei em seus olhos e percebi uma honestidade na questão formulada.
Junto à honestidade, havia uma ansiedade que lhe impedia o sorriso. No
rosto, não havia alegria. Ele estava tomado de uma certeza de que a
liturgia católica, para ele, estava longe de ser um acontecimento que
lhe extraia gratuidade. Era uma obrigação a ser cumprida.
Sua voz parecia me pedir socorro, feito escravo com sua carta de alforria em mãos, a me pedir assinatura.
Naquele momento, fiquei sem palavras. Senti o coração apertado no
peito e o desejo de nada responder. Reportei-me à Escritura Sagrada e
senti-me como o próprio Abraão, diante do questionamento de Isaac: “Pai,
onde está a vítima do sacrifício?” (Gn 22,7). Pergunta que não tem
resposta. Pergunta cheia de ansiedade, de silêncio e motivos. Pergunta
honesta e plena de razões.
Olhei-o com muita firmeza e resolvi desafiá-lo: “É obrigado visitar
alguém a quem se ama?”. Ele disse: “Não, não é não, padre”. Seguiu-se o
silêncio. Calou-se ele e eu também.
A pergunta que não cala
Algumas horas depois, retomei sua pergunta e fiquei pensando nela.
Coloquei-me a pensar na religião que se apresenta ao coração humano como
obrigação a se cumprir, feito mochila pesada que se leva nas costas.
Fico pensando no quanto a obrigação pode se opor ao prazer, e o
quanto é contraditório fazer a religião ser o local da obrigação. Na
expressão: “Deus é amor” (1Jo 4,8), definição que João nos apresenta em
sua carta, está a declaração da gratuidade de Deus.
Deus é o próprio ato de amar. Ele é o amor acontecendo, e a liturgia é
a atualização dessa verdade na vida das pessoas. Ir à Missa é tomar
posse da parte que nos cabe.
Tudo o que ali se celebra e se realiza tem o único objetivo de nos
lembrar que há um Deus que se importa conosco, que nos ama e quer nos
ver mais de perto. O sacramento nos aproxima de Deus.
Tudo bem, essa é a Teologia. Mas e a vida, corresponde à verdade
teológica? Nem sempre. Nosso rito, por vezes, cansa mais do que
descansa. É lamentável que a declaração de amor de Deus por nós tenha se
tornado uma obrigação. Sou obrigado a ouvir alguém dizer que me ama?
Se muita gente pensa assim, é porque não temos conseguido “amorizar” a
celebração. Racionalizamos o recado de Deus e o reduzimos a uma
informação fria e calculada. Dizemos: “Deus nos ama!” da mesma forma
como informamos: “A cantina estará funcionando depois da Missa!”.
A resposta que responde perguntando
Pudera eu ter uma solução! Ou quem sabe uma resposta que aliviasse os
corações que se sentem obrigados a conhecer o amor de Deus, como o
coração daquele menino.
Talvez, o seu coração também já tenha experimentado essa angústia e
essa ansiedade. Gostaria de saber restituir o sabor lúdico das
celebrações católicas. Torná-las acontecimentos reveladores, palavras
para não serem esquecidas e imagens que despertassem o coração humano
para o desejo de descansar ali todas as questões existenciais que o
perturbam.
O problema não está no conteúdo do que celebramos, mas sim na forma.
A natureza simbólica da vida é o lugar do encanto. Por isso, a
celebração é cheia de símbolos. Mas o símbolo, se explicado, deixa de
ser símbolo, perde a graça e deixa de comunicar. Talvez seja isso o que
tem acontecido conosco. Na ansiedade de sermos eficientes, tornamos a
celebração um local de comunicar recados. Falamos e falamos de maneira
ansiosa, cansada e repetitiva. Temos de falar algo, pois também o padre
tem a sua obrigação.
Assim vamos celebrando, obrigando o coração e os sentidos a uma
espécie de ritual que nos alivia a consciência, mas não nos alivia a
existência.
A Missa é muito mais do que uma obrigação, é um encontro de partes
que se amam e se complementam. É só abrir os olhos e perceber. Creio que
possa ser diferente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário é sempre muito importante!
Não conseguiu comentar?? Calma, não saia ainda, escolha e opção ANÔNIMO e não esqueça de se identificar no final de sua mensagem!
Viu só, que fácil! Volte sempre!