Passado o sepultamento de Jesus, dois de
seus discípulos saíram de Jerusalém indo em direção a Emaús. Pelo
caminho foram surpreendidos com a presença de um transeunte. Jesus
caminha com eles e os incita a refletir sobre o que havia acontecido,
mas não se deram conta de que o companheiro era o próprio Cristo, que só
foi reconhecido em Emaús, no momento da partilha, no jantar.
A
parábola dos discípulos de Emaús retrata a insatisfação dos dois, que
caminham onze quilômetros. Quando reconheceram a presença de Jesus,
ressuscitado, voltaram para Jerusalém com novas forças para anunciar aos
outros discípulos a alegria pelo que tinha acontecido. Esses fatos,
vivenciados e contados pelos apóstolos, abrem caminho para uma nova
dimensão no plano da Salvação.
Olhando para o nosso país,
sentimos que faltam lideranças realmente comprometidas com o bem do povo
para recuperar a autoestima dos brasileiros. Os problemas têm sido tão
graves que veem desestimulando até o sentido pleno da vida. Parece ser
reflexo de uma cultura que não consegue mais reconhecer a presença de
Deus como Aquele que é capaz de construir na verdade e na justiça.
Não
é um “vai e vem”, mas um vai sem volta, porque as coisas estão indo de
mal a pior. Chegamos ao fundo do poço com a dimensão da gravidade na
gestão pública. Parece que toda obra pública é feita com faturamento
fraudulento, enriquecendo aqueles que deveriam estar defendendo o erário
público. Só vamos ter volta quando o país passar por um processo de
conversão, de sacrifício.
A ressurreição de Jesus Cristo provocou
nos apóstolos uma coragem de ação transformadora. No caso do Brasil,
com uma política econômica excludente, que sacrifica sua população mais
pobre, somente a força do povo será capaz de mudar o status quo. Se se
continua ainda acreditando nos políticos que temos, o futuro poderá ser
drástico para as novas gerações.
O primeiro de maio, dia do
operário São José, é espaço de reflexão para todos os trabalhadores.
Muito mais num momento de mais de doze milhões de desempregados no país.
Refletir sobre a reforma trabalhista em andamento no Congresso
Nacional, feita sem a participação dos principais interessados, que são
os trabalhadores. Que seja um dia de aquecer os corações sobre a questão
trabalhista.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba.
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