Nas
correrias e ritmo acelerado da vida moderna, esperar passou a ser um desafio
para as pessoas. E o tempo do Advento é o contrário disto, porque significa
“tempo de espera”, de preparação próxima para a chegada do Menino Deus. São
semanas que sugerem contemplação do mistério da encarnação do Verbo de Deus,
aquilo que já vinha sendo anunciado pelos profetas no Antigo Testamento.
Esse
tempo marca o início do Ano Litúrgico, culminando com o Natal de Jesus. Fazemos
uma trajetória de reflexões fecundadas pela leitura atenta da Palavra de Deus.
O Senhor nos fala pela Sagrada Escritura e nos convida a seguir seus
ensinamentos de forma ativa e com responsabilidade. Ele quer de nós gestos
verdadeiros de solidariedade e justiça para construirmos a paz.
No período
do Advento realizamos, nas comunidades cristãs, a Novena de Natal. Aquelas que
são bem preparadas apresentam uma verdadeira catequese, um anúncio querigmático
da vida de Jesus. Provocam um encontro da pessoa com todo o processo da chegada
do Menino-Deus, e como uma verdadeira experiência de pré-natal. É a preparação
para a chegada de novos tempos.
Nos
quatro domingos do Advento deve-se descobrir que o “Senhor é a nossa justiça”,
e que o evento “Natal” expressa um gesto bonito e carregado da solidariedade de
Deus para com o seu povo. Quem nasce deve ter o direito de viver, de conviver,
de ir e vir, de um fim natural e de construir a “cidade de Deus”, cidade de
respeito e dignidade do ser humano e de fraternidade verdadeira.
Todo
esse cenário faz parte do projeto já anunciado no longínquo passado bíblico.
Nada acontece por acaso, porque Deus é o Senhor da história. Mesmo em
acontecimentos terríveis da chegada dos fins dos tempos, provocados pela
própria natureza, esses fatos não podem ser causadores de desânimo e
desestímulo para a vida, porque Deus caminha com seu povo e não o deixa
desamparado.
No
Advento as pessoas devem estar abertas para a escuta da “fala” de Deus e ao
convite para seguir sua vontade. Abertura também para superar as infidelidades contra
o projeto de vida, o descuido com a prática da verdade e da justiça e se apoiar
na força da esperança. Portanto, Advento é um caminhar totalmente ancorado na
vigilância e na espera da vinda do Senhor no dia do Natal.
Dom
Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo
de Uberaba.