Encontramos uma grande resistência por parte dos catequistas, quando falamos do trabalho de visitação às famílias dos catequizandos. Uma das causas principais é o medo. Esse, muitas vezes nos paralisa. E de fato, a primeira visita a gente nunca esquece, nem a segunda, nem a terceira, aliás, nenhuma, pois a cada visita é uma manifestação do amor de Deus que não conseguimos explicar. É ver pra crer!
Lembro-me que quando começamos as visitas aqui, os catequistas, aqueles que tinham dito "SIM(na época, nem todos aderiram), assumiam uma quantidade de catequizandos(famílias) pra visitar, isso aleatoriamente, ninguém sabia quem seria catequista de quem. (Hoje, mudamos isso, cada catequista visita sua turma. Nenhum catequista coloca resistência).
Uma visita especial...
Na época, estava eu com minhas fichas, aquelas famílias que Deus havia me confiado. Fiz as visitas, sem grandes problemas, com exceção de uma menina. Não conseguia agendar de jeito nenhum a visita, a cada ligação era uma desculpa que a mãe arrumava.
Na primeira vez que liguei, quando me identifiquei e falei da inscrição da filha na catequese e que precisava marcar a visita, ouvi da mãe: " Eu não coloquei ninguém na catequese, isso é coisa dela e do pai..." Ela foi dizendo que era evangélica, que isso, que aquilo... Enfim, foi curta e grossa! Se eu tivesse um pouquinho de vergonha na cara, não teria prosseguido, mas como sou teimosa, depois daquele impacto desconcertante, insisti.
A cada sugestão de data, ela dizia que tinha um compromisso e me dispensava. Não consegui, aquilo ficou me cutucando, até que tive coragem de ligar novamente e torcendo pra que ela não atendesse aquele telefone. Por sorte, o pai atendeu, expliquei novamente e tentei agendar, sem sucesso, pois mãe e filha não estariam em casa. O pai disse: "Você pode vir que conversamos..." Não concordei, pois que a visita deveria acontecer com a família reunida. Marcamos a bendita data.
Como sofri até colocar os pés pra dentro daquela casa, não sabia o que me esperava, ou melhor, sabia sim. Rezei como nunca havia rezado antes de uma visita, entreguei, mesmo receosa, fui. Chegando lá, nos sentamos, menos a mãe, que ficou encostada no sofá, só espiando e com uma cara amarrada... O fato dela não ter se sentado conosco, me incomodou, isso demonstrou que estava fora da conversa, e que não tinha nada a ver com "aquilo". Logo no começo, do nada diz: "Espero que vocês não queiram que eu me case na Igreja..."
Pensei comigo: "poxa mulher, desarme, sou da paz! Só quero anunciar Jesus" (Socorro Jesus, a coisa aqui não vai ser mole!)
Fiz o querigma com todo meu amor, aquela criança começou a conversar comigo de uma maneira tão próxima, que parecia que já nos conhecíamos. Falante, extrovertida, comunicativa! Me apaixonei por ela e ela por mim. O meu dia de catequese era o único que ela não podia, por conta de outros compromissos, mas fez o pai garantir que ajeitaria para que ela fizesse catequese comigo.
A mãe, ainda atrás do sofá disse: "Duvido que você vai conseguir dar catequese, vocês vão só conversar..." Disse a ela: "Espere e verá..."
Acabou a visita, graças a Deus! Sobrevivi!
Que nada! Tava apenas começando, uma linda história de amizade. Aos poucos fui me aproximando dessa mãe, descobri nela uma pessoa linda. Acredita, que nos tornamos até comadres, pois a "menina" não era batizada na católica e sim na evangélica. Fui escolhida pra madrinha, com consentimento da mãe (e do pai também).
Hoje somos bem próximas e sempre brinco com ela ( Oh encrenca, porque Deus foi colocar você na minha vida, nem consigo te converter ...rsrsr...) E não to preocupada com isso, pois quem converte é Deus. Fiz e faço a minha a parte, sempre que posso conversamos sobre "algumas coisinhas".
Só sei meus amigos, que isso tudo só aconteceu porque consegui romper com o medo. Eu poderia ter devolvido a ficha pra coordenadora. Mas, tinha forte no meu coração, se Deus havia confiado a mim aquela família, não poderia desistir. Foi pra mim a visita mais difícil, porém a que mais me marcou.
Então, quando eu vejo o medo nos olhos dos catequistas com relação as visitas, eu entendo, mas testemunho que é possível, que cada visita é um presente que ganhamos de Deus. É uma paz inacreditável. Paz, fruto do Espírito Santo... Portanto, amados meus, permitam essa experiência.
Beijo grande pra você que está sempre por aqui, um final de semana abençoado e aquecido pelo fogo do Espírito Santo.