sexta-feira, 27 de março de 2015

O desafio da escassez e rotatividade do catequista





Sem dúvida, são realidades gritantes, grandes desafios encontrados em nossa catequese em todos os cantos do Brasil e ouso dizer, em todo mundo. 


“PROCURA-SE UM CATEQUISTA”. Essa chamada no perfil de um amigo catequista soou como um pedido de socorro, que não é só dele, mas de toda paróquia. Vi-me refletindo sobre a escassez/rotatividade do catequista. Pergunto-me: Se existem tantos fiéis com uma vasta caminhada de fé na comunidade (constatamos isso porque em todos os horários de missa aos domingos, a Igreja fica lotada) porque ainda temos essa escassez de catequistas? O que acontece com esse povo de Deus, que num movimento frenético, quase que rotineiro, entram e saem de nossas Igrejas, sem que se sintam como parte dela! Onde está a espiritualidade comunitária? Porque temos quase que chegar ao ponto de espalhar pela cidade panfletos com esses dizeres: “Procura-se catequista!” Porque temos que implorar/mendigar para que alguém assuma ou não deixe a catequese?

Alguns afirmam ser falta de comprometimento! Em alguns casos sim, porém, a escassez de catequistas e também a rotatividade dos atuantes, é reflexo dessa geração dos batizados não evangelizados. Se não temos pessoas iniciadas na fé, não teremos pessoas comprometidas, despertas para o SERVIÇO. Faltam pessoas com experiência do amor de Deus, daí a falta de catequistas comprometidos.

Muitos quando se colocam na prática catequética, acabam por descobrir que não tem vocação nenhuma pra ser catequista, se sentem como um peixe fora d’água. Não os segure, deixe-os ir. Será que Deus teria se enganado em tais chamados? Não! Deus nunca se engana, mas existem aqueles que QUEREM ser catequistas, mas não o são. E só vão descobrir isso na prática. Quando se trata de vocação, a iniciativa é sempre de Deus.

O catequista não está isento de passar por tribulações. Muitos se afastam ao se deparar com doenças, nascimento dos filhos, estudos, problemas conjugais, divergências com o grupo de catequistas/coordenadores, mudança de endereço/cidade. Salvo os motivos justos, aquele que de fato é vocacionado sofre as amarguras, supera os obstáculos, mas não desiste.

O medo, a insegurança é outra realidade, assim foi também com nossos patriarcas, por exemplo, quando Deus chama Moisés, ele logo arruma um pretexto: “Meu Senhor, eu não tenho facilidade para falar”. É taxativo: “Não quero, mande outro”. Mas Deus não se equivoca em seus CHAMADOS e não desiste de Moisés. Até que ele descobre sua vocação e acolhe a missão de libertar aquele povo da Escravidão. Assim também somos nós, cheios de desculpas, pretextos. Nossos medos e inseguranças precisam ser enfrentados, alimentados com muita oração, eucaristia, formação, diálogo.

Como enfrentar esse grande desafio da escassez e da rotatividade de catequistas?

Queria eu ter uma receita pronta, mas não tenho! A maneira de formar cristãos foi revista e está sendo orientada pela Igreja. A Iniciação à Vida cristã, tendo como inspiração o modelo catecumenal, está espalhada por todos os cantos, através de subsídios, manuais, estudos, documentos, Itinerário da CNBB. Cabe a nós ouvir o clamor do Espírito Santo que grita. Quem tem ouvidos, ouça!

Algumas intuições ou propostas a ser consideradas

  • Que tal, encararmos com seriedade a implantação da IVC (Iniciação à Vida Cristã) em nossas dioceses/paróquias, formando cristãos conscientes, convictos, comprometidos. Com certeza, muitos catequistas seriam suscitados nesse meio.

  • Que tal elaborar um trabalho de acolhida, proporcionando um acompanhamento, direcionamento VOCACIONAL aos nossos ‘candidatos à catequistas’, antes de jogá-los numa turma. “Quando alguém aceita ser catequista, toma consciência de que a sua opção é uma resposta ao chamado do Senhor.[1] Os cursinhos de começo de ano, de boas-vindas revelam-se muito pouco para que haja o discernimento, que saibam a diferença entre vocação e trabalho voluntário.

  • Conscientizar os catequistas atuantes (que em muitos casos não foram devidamente iniciados na fé) do que vem a ser CATEQUISTA PROTAGONISTA.

Roguemos ao Senhor da messe, que envie operários, pois a messe de educar na fé e de formar cristãos é grandiosa demais! Que Maria, a estrela da evangelização e educadora do Filho de Deus e da Igreja nos acompanhe maternalmente nessa nossa missão.

Imaculada Cintra
Catequista por amor e vocação,
Em constante de estado de feitura!

[1] MOSER, Pe. Assis e BIERNASKI, Pe. André, Ser catequista: vocação, encontro, missão, Petrópolis: Vozes, 2001. 

* Texto escrito para o site Observatório da Evangelização





2 comentários:

  1. Eu gostei muito do provocativo texto da Imaculada. Percebe-se claramente alguém que está totalmente envolvido na catequese e que, como eu, ama o ser catequista. Só tenho a agradecer e estimular que continue a registrar e compartilhar as suas reflexões. Que a celebração da Páscoa renove os nossos horizontes de esperança e compromisso com o Reino. Um grande beijo fraterno, com admiração Edward Guimarães

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Edward, agradeço a confiança e aproveito para parabenizar pelo site, que com certeza contribui e muito para a evangelização. Se consegui provocar, inquietar alguns com meu texto, já me dou por feliz...Que o espírito de cristo ressuscitado nos inspire...Grande abraço! Ser catequista é minha paixão!

      Excluir

Seu comentário é sempre muito importante!
Não conseguiu comentar?? Calma, não saia ainda, escolha e opção ANÔNIMO e não esqueça de se identificar no final de sua mensagem!
Viu só, que fácil! Volte sempre!